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Atualizado às: 03 de fevereiro, 2006 - 13h08 GMT (11h08 Brasília)
 
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Arábicas: Charges reforçaram idéia de conspiração ocidental
 

 
 
Manifestante queima bandeira da Dinamarca
Dinamarca foi alvo de muitos protestos de muçulmanos
A publicação (e republicação) das charges com o profeta Maomé na imprensa européia reforçou a idéia, bem popular em países muçulmanos, de que há uma conspiração do Ocidente contra o mundo islâmico.

As reclamações vieram não só dos chamados "fundamentalistas islâmicos", mas também de muçulmanos moderados e mesmo de importantes personalidades ocidentais, como o ex-presidente americano Bill Clinton.

A lei e a tradição islâmicas têm regras estritas contra a idolatria, que, se tomadas ao pé da letra, proíbem qualquer imagem de seres humanos ou animais.

Se apenas ver o profeta Maomé retratado em um desenho já incomodaria muçulmanos mais tradicionalistas, a sua imagem em charges associadas ao terrorismo e à repressão conseguiu fazer o mundo islâmico gritar em um raro uníssono de protesto.

Mesmo quem defende a liberdade de expressão aqui no mundo árabe reclamou que personalidades públicas e a mídia ocidentais divulgam sem parar preconceitos e imagens erradas sobre o islã.

Liberdade de expressão

O cineasta egípcio Marwan Hamdi está finalizando um filme – Edifício Yacubian –, no qual temas tabu em países muçulmanos, como as drogas e o homossexualismo, são apresentados com uma crueza incomum por aqui.

Hamdi diz que já sofreu com limitações à liberdade de expressão e que reconhece o direito dos jornais de publicarem o que quiserem.

"Mas o problema não são essas charges, que acabaram provocando uma reação talvez violenta demais. O problema é que o Ocidente está adotando uma postura que parece deliberada de atacar o islã, desde que o presidente (George W.) Bush falou que iria iniciar uma cruzada contra o terrorismo”, disse.

Bush fez o discurso falando de uma "cruzada" pouco depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.

As críticas choveram de todo o mundo pelo uso de um termo que traz à memória as expedições da Europa cristã, a partir do século 11, para conquistar Jerusalém e outros territórios dos muçulmanos.

As explicações de que foi apenas uma palavra mal escolhida (coisa comum em alguns discursos do presidente americano) não foram suficientes para apagar de muitos muçulmanos a impressão de que Bush estava revelando os planos mais profundos do Ocidente.

Ofensas

Além das cosiderações políticas, mexer com a religião é algo que toca as pessoas nos países árabes bem mais do que no Ocidente, cada vez mais secularizado.

"Liberdade de expressão também tem os seus limites. Não podem apresentar assim um homem sagrado, como o profeta Maomé, que a paz e a bênção de Deus estejam com ele”, me disse o xeque Abdel Nasser Khatib, um religioso no Vale do Bekka, no nordeste do Líbano.

A reação dos muçulmanos às caricaturas – independentemente da discussão sobre o direito de divulgá-las - não pode ser vista como totalmente inesperada por qualquer um com algum conhecimento das sensibilidades religiosas no islã.

Há poucos anos, as charges teriam provavelmente ficado restritas à Dinamarca e talvez alguns países europeus.

Mas, com os meios de comunicação cada vez mais globalizados, as batalhas (pelo menos de idéias) decorrentes, que muitos observadores consideram um "choque de civilizações", só tendem a ser mais freqüentes.

 
 
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