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Arábicas: Homens árabes não tem 'amigas' | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
O idioma árabe não tem as palavras namorado e namorada. Ou olhando, por outro ângulo, não tem as palavras amigo e amiga. Um homem que diga "minha amiga" (sahbti) vai ser entendido como falando de sua namorada. Uma mulher diz "meu amigo" (sahbi) e todos vão entender que está falando do namorado. A simples amizade entre homem e mulher (aliás, questionada por muita gente também no Ocidente) e o namoro são tão raros na tradicional cultura árabe-muçulmana, que o idioma não tem termos para diferenciar as novas relações que vão aparecendo na sociedade. Há palavras para noivo e noiva (khatib e makhtuba) e para marido e esposa (gowz e mirat) mas quem tem uma namorada - em geral egípcios de classes média e alta - vai normalmente jogar a palavra "girlfriend" para descrever uma relação que - de qualquer maneira - seus avós não entenderiam. Jovens casais de egípcios saem para conversar a noite - lado a lado, mas não de mãos dadas - nos parques e nas margens do Nilo mas a "paquera", ao estilo existente na noite Ocidental, é restrita a uns poucos bares mais caros e freqüentados por estrangeiros. Mesmo nestes bares, beijos em público costumam atrair reprimendas dos garçons. Embora os homens árabes se abracem e beijem muito, contato físico em público entre homens e mulheres se restringe a mães e filhos. Poucas oportunidades O egípcio comum tem poucas oportunidades de conhecer mulheres para namorar. Os cafés da cidade ficam cheios até altas horas mas só com homens conversando. O casamento costuma ser aguardado com ansiedade. Mas muitos tem que ficar noivos por anos de agonia por falta de dinheiro para o casamento. A cena cada vez mais comum de um jovem casalzinho apaixonado ocidental juntando os trapinhos - formalmente ou não - e indo viver de amor num pequeno apartamento é rara por aqui. O casamento só sai se o noivo - ou o noivo e a noiva, em famílias mais abertas tiverem condições financeiras de iniciar uma família. O número de jovens que não consegue se casar por falta de dinheiro é considerado um problema sério no Egito. Durante a campanha presidencial de setembro do ano passado, lembro de um comício da oposição em que os partidários de Ayman Nour gritavam "presidente, queremos casar". Sem emprego O problema é de que sem empregos e desenvolvimento econômico, estes jovens estão presos à casa da família e à distância das mulheres. Uma das consqüências é o fascínio de muitos egípcios pela pornografia. Material pornográfico é ilegal no Egito e alfândega inspeciona fitas de vídeo enviadas para o país, mas com o crescimento da internet o controle ficou quase impossível. O condinome para filme pornográfico no Egito é film il-thakafi, literalmente, filme educacional. Há quatro anos foi lançada uma excelente comédia com este nome, contando a história de um grupo de jovens que conseguem uma fita pornográfica mas tem que rodar o Cairo atrás de um video-cassete, uma televisão e um lugar discreto para assistir a fita. Quando conseguem tudo, não assistem o fime porque alguém tinha apagado a fita e gravado no lugar uma sessão do Parlamento egípcio. Um dos personagens reclama que tinha perdido uma rara chance de aprender alguma coisa em um "filme educacional" para não fazer feio na noite de núpcias. |
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