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Atualizado às: 05 de janeiro, 2006 - 21h16 GMT (19h16 Brasília)
 
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Arábicas: Eleições têm peso pouco visto no Oriente Médio
 

 
 
cartaz eleitoral no Egito
Hosni Mubarak garantiu um 5º mandato de seis anos
Eleição é coisa pouco comum no Oriente Médio, principalmente para escolher as mais altas autoridades nacionais. Por isso, chamou tanto a atenção pelo mundo o número de eleições que aconteceram no ano passado aqui na região.

Elas variaram de algumas altamente que estavam o tempo todo nas manchetes internacionais – o Iraque com duas eleições e um referendo liderando este grupo – até outras que, embora mais discretas, também tiveram grande significado, como as inéditas eleições municipais na Arábia Saudita.

Mas é neste ano que os políticos que chegaram agora ao governo ou à oposição vão ter que mostrar a que vieram. As mudanças de 2005 no Oriente Médio foram profundas e governos novos e antigos vão ter que navegar por águas agitadas.

E este primeiro trimestre de 2006 tem ainda outras duas eleições que vão ter impacto decisivo nos eventos do Oriente Médio para este ano: a escolha dos Parlamentos na Autoridade Palestina e em Israel, processo que agora se vê abalado e em meio a incertezas depois que um segundo derrame afastou o premiê israelense Ariel Sharon das decisões políticas do seu país.

Egito

Aqui no Egito, o recém-empossado novo Parlemento vai ter uma participação inédita da oposição.

E não é qualquer oposição, mas da temida Irmandade Muçulmana, que apesar de estar há 24 anos numa situação de semi-clandestinidade - o grupo é tolerado, mas não pode ter um jornal nem um partido poílitico – conseguiu eleger mais de cem deputados, que concorreram como independentes, unificados pelo slogan “Islam é a solução”.

O partido do governo continuna com uma confortável maioria de mais de dois terços dos 275 assentos do Parlamento, mas os islâmicos estão agora em posição de pressionar o governo muito mais do que no passado.

É verdade que o presidente do Egito, Hosni Mubarak, já tinha conseguido ganhar, nas presidenciais de setembro, um quinto mandato de 6 anos, com 88% dos votos válidos, mas o peso da vitória foi reduzido pela participação de apenas 23% dos eleitores registrados.

A pressão interna e externa sobre Mubarak é grande para que ele amplie a abertura democrática iniciada este ano, mas as acusações de fraude e violência nas últimas fases das eleições parlamentares – quando já estava claro que a Irmandade Muçulmana teria um desempenho surpreendente – sugeriram a muitos analistas que o regime pode ter se assustado com as conseqüências do relaxamento.

O ritmo e a profundidade da abertura politica e a força efetiva que a oposição vai ter no Parlamento são dois elementos essenciais a se observar por aqui em 2006.

Iraque

As eleições para o Parlamento definitivo iraquiano foram relativamente livres de violências, mas não de tensão.

Os resultados finais ainda não foram anunciados, por conta de muitas acusações de fraude, – vindas principalmente do árabes-sunitas – e a Comissão Eleitoral já disse que ainda pode demorar até duas semanas para que a cara do novo Parlamento seja conhecida.

A expectativa é de que os grupos xiitas continuem dominantes, mas que os árabes-sunitas tenham uma presença bem maior do que na atual assembléia provisória. Os curdos devem perder um pouco de espaço por conta de mudanças no sistema eleitoral e da participação maior dos árabes sunitas.

Costurar alianças e acordos políticos entre esses grupos não vai ser nada fácil.

Mesmo que os árabes-sunitas tenham mais deputados, a comunidade é minoritária no Iraque (cerca de 30% da população, contra 60% de xiitas) e vai ter que digerir a perda de um poder que durante décadas – inclusive no período de Saddam Hussein – esteve em suas mãos.

Negociar com os curdos também apresenta grandes dificuldades internas e externas: as lideranças da comunidades só querem cada vez mais independência, o que assusta gente tanto no Iraque quando em países vizinhos – como a Síria e a Turquia – que também têm significativas minorias curdas.

Encontrar acordos que satisfaçam a todos esses grupos – a ponto de fazer os insurgentes perceberem que podem conseguir o que querem pelo processo político – é uma das difíceis missões do governo iraquiano para este ano.

Israelenses e Palestinos

Os israelenses vão às urnas no dia 28 de março, em meio à crise provocada pelo estado de saúde de Ariel Sharon, enquanto os palestinos votam já em 25 de janeiro (se não houver adiamento) .

Do lado palestino, o desempenho do grupo islâmico Hamas nas eleições, e como ele vai ser comportar agora que tem um peso crescente na política palestina, é uma das chaves para isso.

Israel desaprova abertamente a participação do Hamas – classificado por israelenses e americanos de terrorista - nas eleições mas alguns analistas dizem que dar mais espaço ao grupo no campo político pode criar para os islâmicos uma opção e diminuir os recursos do grupo destinados à luta armada.

Em Israel, a grande expectativa é sobre qual vai ser o desempenho do partido centrista Kadima agora sem seu líder, fundador e idealizador, Ariel Sharon.

Arábia Saudita

As eleições municipais na Arábia Saudita realizadas em julho não tiveram o mesmo destaque na mídia de outras disputas que aconteceram este ano.

Na prática e no curto-prazo, a escolha de autoridades municipais não chega a ter grandes impactos na maneira como o reino é administrado ou se relaciona com o resto do mundo.

Mas a votação foi vista como um marco no país que tem um dos regimes políticos mais restritivos do mundo, com uma monarquia absolutista apoiada na autoridade religiosa da família Saud.

Qualquer abertura política adicional deve ser lenta e cuidadosa mas a pressão Ocidental por mudanças neste importante aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio deve continuar crescendo este ano.

 
 
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