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Arábicas: Poucos ocidentais aprendem bom árabe | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Poucos ocidentais no Cairo falam bom árabe, mesmo aqueles que já passaram anos morando no país. Como as nações do Oriente Médio costumam ter um número razoável de pessoas da elite que falam alguma língua ocidental (principalmente o inglês ou o francês), os estrangeiros conseguem viver e fazer negócios no Oriente Médio sem passar muito da trinca "bom dia- quanto é-obrigado?" na língua local. Depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, as mídias americana e européia foram tomadas por uma avalanche de críticas e auto-críticas - do governo e de analistas - pela falta de ocidentais capazes de entender direito a língua do "adversário". A CIA, o serviço de espionagem americano, foi duramente atacado por não ter profissionais que pudessem analisar informações em árabe, como os textos publicados nos incontáveis sites islâmicos e de grupos militantes na internet. Hoje a página da CIA na internet tem um anúncio oferecendo um salário de até US$ 70 mil dólares anuais para "especialistas em línguas do Oriente Médio". Não há estatísticas disponíveis, mas professores aqui no Cairo - ao lado de Beirute, o principal centro de aprendizado de árabe para ocidentais - me disseram que nestes últimos anos houve um aumento sensível no interesse pelo idioma. Dificuldades Só que o trabalho para aprender uma língua que não tem nenhuma semelhança com os idiomas ocidentais - nem nas letras - é grande. Além disso há dezenas de dialetos de árabe falado e apenas um árabe escrito, que não é falado em lugar nenhum. Por exemplo, um egípcio consegue conversar - fazendo algum esforço - com um libanês ou um palestino, mas a maioria deles não consegue entender o dialeto marroquino. Acrescente-se a isso algumas diferenças que, para quem está acostumado a outros idiomas, não parecem fazer nenhum sentido à primeira vista, como a ausência do verbo "ter". Já a língua escrita é padrão em todo o mundo árabe, mas oralmente só é usada nos órgãos de mídia eletrônica, que transmitem para diversos países, como a rede Al Jazeera e a programação em árabe do Serviço Mundial da BBC. Ao contrário de muitas línguas ocidentais - que de tempos em tempos passam por reformas para modernizar o idioma -, o árabe apresentado pelo profeta Maomé no Corão, no século 7, é praticamente o mesmo usado nos jornais e livros de hoje. Obviamente muitas palavras modernas tiveram que ser acrescentadas, e a estrutura dos textos não tem a complexidade de um livro sagrado, mas o vocabulário e as regras gramáticais são as mesmas. E são extremamente complexas. Estudando Nos últimos 11 meses morando no Cairo, venho estudando árabe com a maior regularidade possível e consigo atualmente ter coversas básicas nas ruas e com os amigos. Jornalistas e outros profissionais que conheço, que como eu não vivem no Oriente Médio há tanto tempo, também se mostram mais interessados em dominar o idioma - e entender a cultura - do que aqueles que já estão aqui há períodos mais longos. O interesse pelo Ocidente no mundo árabe é grande mesmo entre aqueles que desaprovam - ou mesmo atacam - os padrões culturais do nosso lado do mundo. Depois dos ataques a Nova York e Washington e da invasão do Iraque pelos Estados Unidos, a curiosidade de muitos ocidentais também parece ter ficado mais aguçada. O Oriente Médio e o idioma árabe exigem grande esforço de quem quer entendê-los, mas as recompensas, de compreender melhor toda uma civilização, a qual o Ocidente virou as costas por muito tempo, podem ser maiores ainda. | NOTÍCIAS RELACIONADAS Arábicas: Refugiados sudaneses fazem greve de fome no Cairo16 novembro, 2005 | BBC Report Arábicas: Eleição confirma crescimento islâmico no Egito08 dezembro, 2005 | BBC Report Arábicas: Osama Bin Laden ao alcance de todos15 dezembro, 2005 | BBC Report Arábicas: Violência afasta turistas israelenses do Sinai03 novembro, 2005 | BBC Report Arábicas: Ramadã altera rotina no mundo islâmico06 outubro, 2005 | BBC Report Arábicas: Egípcios ainda estão longe dos bancos21 setembro, 2005 | BBC Report | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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