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Atualizado às: 13 de janeiro, 2006 - 00h42 GMT (22h42 Brasília)
 
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Arábicas: Mundo árabe ainda é o que preocupa Israel
 

 
 
Amir Peretz, líder dos Trabalhistas de Israel
Vitória de Peretz, para liderar Trabalhistas em 2005, mostra mudança de foco nas preocupações israelenses
Desde a fundação do Estado de Israel, em 1948, o país é definido pelo conflito com o mundo árabe que o rodeia e o esforço para sobreviver – ou se expandir, segundo muitos críticos - num ambiente hostil.

Quase 60 anos depois, ninguém discute aqui em Israel que as relações com os palestinos ainda são – e devem continuar a ser por algum tempo –o foco central da vida política israelense.

Mas, com o país enfrentando cada vez mais problemas econômicos e com o Estado de bem-estar social em grave crise, outros focos de preocupação - questões sócio-econômicas em especial – também começam a atrair cada vez mais atenção.

A vitória de Amir Peretz – um sindicalista quase sem ligações com questões de defesa – para a liderança do Partido Trabalhista no ano passado foi um sinal de alguma mudança neste foco de preocupação.

Analistas dizem também que a atração de muitos isarelenses para o centrismo representado pelo novo partido de Ariel Sharon, o Kadima, mostraria que cada vez mais a sociedade está adotando uma posição pragmática em relação aos palestinos.

Preocupações

Ou seja, para muita gente está chegando a hora de resolver a questão com os palestinos da maneira mais rápida possível – mesmo que por meio de concessões unilaterais, como a saída de Gaza – para que Israel possa se preocupar com outros problemas.

"Oxalá isso vai acontecer, porque muita gente quer assim. Mas por enquanto ainda é mesmo a segurança que domina a agenda em Israel", é a avaliação do diretor do departamento internacional do Partido Trabalhista, Abraham Atzamari.

A impressão de que o tema da segurança estava se tornando secundário, que surgiu com a vitória de Peretz, começou a se desfazer depois, com a gradual queda das intenções de voto para o trabalhista.

Segundo as últimas pesquisas eleitorais, os trabalhistas ganhariam – com o líder sindicalista Peretz a frente – 17 dos 120 assentos do Parlamento israelense nas eleições marcadas para 28 de março. Hoje os trabalhistas têm 19 assentos.

Mas continua à frente o centrista Kadima, com cerca de 40 cadeiras nas sondagens enquanto o Likud, que advoga uma política mais linha dura em relação aos palestinos e mal fala de outros assuntos, não passaria de 16.

Esquerda e direita

Uma das particularidades mais interessantes da política israelense é o uso dos termos "direita" e "esquerda".

Ao contrário do que acontece em todo o resto do mundo, essa divisão em Israel não tem hoje relação com discordâncias em temas sócio-econômicos, mas sim no que diz respeito a negociações com palestinos.

O Kadima, por exemplo, é um partido de centro em temas de segurança, mas continua a estar em algum ponto entre o centro-direita e a direita nas questões econômicas e sociais.

Os partido religiosos – considerados de extrema-direita nas relações com árabes – têm posições favoráveis à participação do Estado na economia e na sociedade que os identificam com posições da esquerda ou mesmo extrema-esquerda mundial.

No caso dos Trabalhistas e do Likud a posição já é mais coincidente: os primeiros estão mais à esquerda e os últimos bem à direita tanto em temas sócio-econômicos quanto de segurança.

Pobreza

A mídia e a poulação isralenses estão cada vez mais preocupados com a pobreza, que fica cada vez mais evidente nas ruas das grandes cidade do país.

Em Jerusalém e Tel-Aviv já é comum ver pedintes e mendigos isralenses pelas ruas, uma cena pouco comum há não muitos anos, quando Israel ainda adotava um modelo de bem-estar social baseado na social-democracia européia.

Nos últimos anos, no entanto, o modelo vem sendo desmontado – e muitas estatais privatizadas – pelos governo de orientação sócio-econômica direitista que tem dominado a política israelense.

Muita gente que desaprova as políticas altamente neo-liberais defendidas pelo ex-ministro de Finanças de Ariel Sharon e atual líder do Likud, Benjamin Netanyahu, mas pode acabar votando no partido por considerá-lo o mais adequado para dar segurança à população.

Ao mesmo tempo, o trabalhista Peretz pode ter atraído muita gente com o discurso de distribuição de renda e justiça social, mas provoca receios nos eleitores pela pouca experiência em temas de segurança e a impressão de que tem uma visão demasiado esquerdista nas relações com os palestinos.

Enquanto a população isralense se sentir ameaçada – tanto por riscos reais como por aqueles que seriam exagerados nos discursos de políticos – será difícil que a escolha das liderança nacionais seja feita com base em muita coisa além da defesa.

Há pouco tempo, um sociólogo israelense me disse que é isso que tem que acontecer para que a política do país possa finalmente ser considerada "normal" e com base nos mesmos parâmetros usados no resto do mundo.

 
 
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