|
Arábicas: Palestino luta para conseguir fazer mestrado | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Mohamed Abu Asaker é um palestino de 27 anos nascido e criado na cidade de Gaza. No ano passado, ele foi um entre 12 selecionados – de um total de 500 candidatos palestinos – para uma bolsa de estudos, para mestrado nos Estados Unidos, concedida pela Usaid, o órgão de ajuda internacional do governo americano. Mohamed – graduado em língua inglesa pela Universidade Islâmica de Gaza - ganhou a oportunidade de fazer mestrado em Desenvolvimento Internacional na Universidade Americana, em Washington. Mas quando conheci Mohamed, no mês de agosto, na cidade de Gaza, ele estava preocupado porque não sabia se poderia ir aos Estados Unidos fazer o curso. Alegando questões de segurança, Israel tinha proibido todos os palestinos de 18 a 35 anos de saírem da Faixa de Gaza. Mohamed me contou que já tinha perdido o primeiro semestre e que, se não chegasse a Washington até dezembro, a própria bolsa seria cancelada. Controle Quando fui embora da região – semanas antes do fim da retirada completa do território – nenhuma autoridade tinha ainda deixado claro como seria feito o controle de saída e entrada dos palestinos pelo Terminal de Rafah, o posto de fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito. Já estava praticamente certo que as autoridades egípcias ficariam responsáveis pelo controle da fronteira – como de fato aconteceu – mas ninguém explicou qual seria o procedimento com os palestinos que quisessem atravessar. As cenas nos primeiros dias depois da saída de Israel na Faixa de Gaza foram de caos: palestinos atravessaram a fronteira por cima da cerca e por buracos feitos nela, com os soldados egípcios sem saber direito o que fazer. Entre os palestinos cruzando a fronteira havia desde gente separada da família há anos pela linha divisória até quem só queria aproveitar os preços mais baixos do Egito para fazer compras. "Única chance" Algumas semanas depois, recebo uma ligação de Mohamed me dizendo que ia tentar atravessar para o Egito e daqui tentar partir para os Estados Unidos. "É minha única chance. Vai ser difícil, mas tenho que tentar", disse ao telefone. Três dias depois, Mohamed chegou à minha porta contando que teve que esperar por 15 horas num fila para sair da Faixa de Gaza, nove horas em um ônibus lotado parado a meio caminho para o Egito e mais oito horas em uma sala no lado egípcio. "O ônibus em que ficamos fechados estava tão cheio que passei o tempo todo lá dentro em uma perna só, porque não tinha espaço para colocar o outro pé no chão", contou. Entre outras provações, ele teve que procurar o passporte - perdido entre milhares de documentos espalhados pelo chão - quando a multidão, revoltada com a espera, invadiu um dos escritórios dos agentes de fronteira e destruiu tudo o que estava lá dentro. Mohamed diz que, assim que terminar os dois anos de seus estudos de pós-graduação nos Estados Unidos, voltará para Gaza, com o objetivo de trabalhar pelo seu povo e pela construção do ansiado Estado Palestino. Ele espera ganhar capacitação para identificar quais as necessidade de infra-estrutura e serviços, que têm que ser atendidas para o desenvolvimento das áreas palestinas. Agora, ele está aqui no Cairo esperando que o consulado americano emita o seu visto, para que ele possa começar os estudos. Mohamed fez por merecer a oportunidade e afirma que acha possível trabalhar pela convivência pacífica, lado a lado, entre árabes e israelenses. Agora é esperar que o longo e traumático conflito não impeça a vontade, dele e de muitos jovens estudantes e profissionais dos dois lados, de fazer parte da solução, e não do problema. |
| |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||