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Europa faz três minutos de silêncio pelas vítimas do tsunami | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Os países-membros da União Européia fizeram três minutos de silêncio nesta quarta-feira em memória às vítimas do maremoto na Ásia. As bandeiras de muitos prédios do governo permaneceram hasteadas a meio pau, enquanto ônibus pararam e passageiros nos aeroportos, estações e portos permaneceram quietos observando o silêncio. Nas bolsas de valores de Frankfurt, Londres e de outras cidades européias as negociações foram interrompidas. Em Estocolmo, na Suécia, os primeiros caixões com cidadãos suecos que morreram na Ásia chegaram nesta quarta-feira. O primeiro-ministro do país, Goeran Persson, disse que a população deve se preparar para a chegada de centenas de outros. O país teve o maior número de cidadãos atingidos pelo maremoto. Cinqüenta e dois suecos tiveram suas mortes confirmadas, e 1,9 mil ainda estão desaparecidos. Crianças O Unicef (fundo da ONU para infância e adolescência) disse que pelo menos 50 mil crianças morreram e 1 milhão ficaram feridas ou perderam suas famílias após o maremoto na Ásia. A agência da ONU pediu que a comunidade internacional priorize as crianças que ficaram órfãs após a catástrofe. A diretora-executiva do Unicef, Carol Bellamy, disse que é necessário garantir que as crianças tenham acesso a saneamento básico, água e comida; que é preciso tentar identificar e unir aqueles que foram separados de suas famílias; que é necessário protegê-los de qualquer tipo de exploração e assegurar que eles voltem à escola o mais rápido possível. Além das necessidades físicas, os que sobreviveram – especialmente os que perderam parentes no desastre – precisam também de acompanhamento psicológico para superar o que a porta-voz do Unicef em Genebra, Wivina Belmonte, chamou de "trauma inimaginável". Segundo Belmonte, a "geração tsunami" vai ter que lidar com o que viveu por anos. A diretora do Centro de Referência para Apoio Psicológico na Cruz Vermelha Internacional, Janet Rodenburg, diz que já está organizando um serviço de atendimento psicológico. Seqüestros O governo indonésio chegou a proibir a saída de crianças da província de Aceh depois de ser alertado pelo Unicef de que traficantes de pessoas poderiam tentar tirar vantagem da situação. A polícia sueca já está na Tailândia para investigar a denúncia de que um sobrevivente sueco de 12 anos de idade teria sido levado do hospital em que estava internado. "Já faz mais de uma semana e, a cada dia que passa, a situação fica mais crítica", disse Bellamy. "Todos nós precisamos ter como prioridade salvar as crianças, e isso precisa ser feito agora." A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também expressou receio de que as crianças e jovens que ficaram órfãos na tragédia sejam forçados ao trabalho infantil. A agência, que está estudando o impacto da tragédia na força de trabalho da região, teme que "um desemprego prolongado possa levar a um revés grave e de longo prazo no desenvolvimento". "Nós precisamos fazer com que as pessoas voltem ao trabalho rapidamente para evitar a exacerbação da pobreza que já existe e é crônica em muitas das áreas afetadas", afirmou o diretor da organização, Juan Somavia. Transporte A ONU pediu aviões, navios e helicópteros para transportar suprimentos para as áreas atingidas pelo maremoto do Oceano Índico. Segundo a organização, a aeronave mais adequada para operações humanitárias é o C-17, modelo que só os governos americano e britânico poderiam fornecer. Os Estados Unidos disseram que estão preparados para dobrar o número de helicópteros que estão sendo usados para ajudar as vítimas. No momento, 45 helicópteros americanos e cerca de 13 mil militares participam das operações de ajuda. O escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da organização também está pedindo equipamentos de tráfego aéreo, geradores elétricos e purificadores de água para melhorar a distribuição de ajuda às vítimas. A operação de ajuda aérea é fundamental para suprir as áreas atingidas pelo tsunami com água, comida e remédios, já que muitas estradas e pontes foram levadas pelas ondas. De acordo com a última contagem, o número de mortos no terremoto seguido de maremoto já é de 150 mil nos 12 países atingidos. Mais de 1,8 milhão de pessoas precisam de comida, e cerca de 5 milhões estão desabrigadas no que está sendo considerado um dos piores desastres naturais da história. Indonésia As autoridades da cidade indonésia de Meulaboh, a mais severamente atingida pelo maremoto no Oceano Índico, pediram que a distribuição de ajuda seja acelerada. Cerca de 40 mil pessoas morreram na cidade, que tinha 95 mil habitantes antes de ser varrida pelas ondas gigantes detonadas pelo tremor de 9.0 na escala Richter. "Os índices de mortalidade em Meulaboh desafiam a imaginação", disse Aitor Lacomba, diretor na Indonésia da organização International Rescue Committee (Comitê Internacional de Resgate). Remota cidade na ilha indonésia de Sumatra, Meulaboh foi o ponto em terra mais próximo do epicentro do terremoto do dia 26 de dezembro e ficou inacessível por cerca de uma semana. A cidade não é a única, no entanto, a surpreender funcionários das agências de ajuda humanitária pela escala da destruição. Em alguns vilarejos, até 80% da população morreu. Em algumas localidades, os remanescentes sobrevivem apenas à base de cocos. Os dados do governo indonésio indicam que pelo menos 94 mil pessoas perderam as suas vidas na tragédia, embora a própria ONU diga que o número tende a crescer em uma "alta exponencial". O número oficial na Indonésia já equivale a quase dois terços dos 150 mil mortos. Powell O secretário de Estado americano, Colin Powell, chegou à província de Aceh, onde fica Meulaboh, nesta quarta-feira. Ao descrever a situação na região, Powell afirmou que nunca viu tanta destruição. "Estive em guerras e já vi os estragos causados por diversos fenômenos da natureza, mas nunca vi nada parecido com isso", disse o secretário de Estado americano segundo a agência de notícias AP. Antes de visitar a região, Powell estava em Jacarta, a capital indonésia, onde repetiu a promessa que havia feito na Tailândia de que o seu país não vai abandonar as vítimas do tsunami. O secretário disse que os Estados Unidos ajudariam nos esforços de reconstrução de longo prazo e aproveitou a sua presença no país majoritariamente muçulmano para dizer que a sociedade americana respeitava todas as religiões. Na quinta, Powell participa de uma conferência para coordenar os esforços de ajuda internacional. Ele viaja acompanhado de uma delegação que inclui o governador da Flórida e irmão do presidente George W. Bush, Jeb Bush. Até o momento, governos de inúmeros países e agências internacionais de auxílio já prometeram US$ 2 bilhões de ajuda. Na terça-feira, o governo britânico, que ocupa a presidência rotativa do G-8 (o grupo dos países mais industrializados do mundo mais a Rússia), apoiou a suspensão das dívidas externas dos países mais afetados pela tragédia. A França e a Alemanha se mostraram a favor da medida, mas até agora apenas o Canadá a colocou em prática.
Brasileiros desaparecidos O número de brasileiros desaparecidos diminuiu de 154 para 122, segundo o governo brasileiro. De acordo com a contagem do Itamaraty, no total, 265 brasileiros que estavam na região afetada pelo tsunami já foram encontrados. A última informação oficial era de que 258 brasileiros haviam sido contactados. O Ministério pede aos brasileiros com amigos ou parentes desaparecidos nos países atingidos que retirem os seus nomes da lista se já tiverem encontrado essas pessoas. Doações A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) pediu ao público que pare de lhe enviar doações em dinheiro para as vítimas do maremoto no Oceano Índico, afirmando já ter recebido ajuda suficiente (mais de US$ 53 milhões). Segundo o MSF, é uma questão de honestidade avisar o público que a entidade não precisa de mais doações. Várias ONGs criticaram a iniciativa. Uma delas disse que o comunicado do MSF poderia dar a impressão errada de que as outras organizações também não precisam mais de doações. No Sri Lanka, além dos problemas políticos que têm atrapalhado as operações de ajuda, crianças e mulheres estão sendo vítimas de estupros coletivos, segundo a organização não-governamental Women and Media Collective. A violência ocorre nos campos temporários criados para os desabrigados do tsunami. O número de mortos no país já passa dos 30 mil. |
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