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Atualizado às: 05 de novembro, 2003 - 09h54 GMT (07h54 Brasília)
 
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Trotes eletrônicos
Ivan Lessa


Caí como um patinho. O telefone tocou e perguntaram se penico de barro enferrujava. Daí riram e desligaram. Era trote. Com meus 8 ou 10 anos, caí como um patinho.

Agora, num mundo globalizado pela informática, é o trote eletrônico, observo e volto a cair como um patinho.

Dois casos recentes por aqui são exemplos do trote hodierno.

Primeiro é um e-mail que andou circulando com os nomes de famosos jogadores de futebol que teriam participado do estupro de uma moça num hotel chique aqui no centro de Londres.

Virou aquilo que, um dia, no tempo do trote do penico, chamava-se “segredo de polichinelo”: todo mundo sabe.

Os jornais só não publicam por medo a bolo jurídico.

O segundo caso é ainda mais grave.

Envolve a família real.

Ao que parece, Diana, a Princesa de Gales, teria gravado o depoimento de um criado de certo palácio descrevendo em detalhes a violação sexual de real servente por real figura.

Os jornais? Psiu! Caluda! Esse é quente demais.

Eu pensei que nós, brasileiros, estivéssemos livres dessas baixarias.

Estava redondamente enganado.

Caí com um patinho.

Imaginem que andei lendo, em blogs e sites obscuros, que o BNDES vai liberar 6 bilhões de reais para o Estadão, a Folha de São Paulo e o Globo, para que estes possam comprar parte de suas pesadas dívidas junto a bancos privados, reescalonando-as conforme seu agrado.

A infame brincadeira de mau gosto não pára aí.

Diz ainda que o ministro da Fazenda Antonio Palocci não vê nada demais no implausível absurdo e aquilo que teria sido batizado de “Pró-Mídia” é comparável ao que o governo já faz financiando as indústrias naval, de papel e celulose e agricultura.

Ora, se isso lá é possível!

Por uns momentos, quando li sobre a impensável medida para financiar a dívida dos jornalões, pensei ser uma grosseira intriga da oposição.

A patuscada tinha tanto jeito de credibilidade que chegava a anunciar a articulação em novembro de eventos destinados a protestar contra a óbvia impossibilidade.

Citava até, com data e tudo, grandes atos públicos no Mineirinho, em Belo horizonte, no Fórum Social Brasileiro, no Rio, e no TUCA, em São Paulo, respectivamente nos dias 8, 10 e 11 de novembro.

Eu sou tão idiota que ainda me dei à pachorra de verificar em sites de jornais (o Estadão não dá mais para ler no computador) e nos cada vez mais ubíquos postos de vigilância de jornais e jornalistas.

Nada.

Caí como um patinho.

De novo e como sempre.

Enganaram um bobo na casca do ovo.

 
 
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