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Origem é vista como obstáculo para trabalhista em Israel | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Preconceitos de classe e de caráter étnico-cultural contra Amir Peretz, o líder do Partido Trabalhista, têm sido apontados em Israel como um obstáculo para o partido nas eleições do próximo dia 28. Peretz, nascido no Marrocos, morador da cidade da periferia Sderot e ex-lider sindical, não faz parte das elites israelenses. Essas elites, que constituem a base tradicional do Partido Trabalhista, são formadas principalmente por judeus ahkenazim (de origem européia), das camadas sócio-econômicas mais abastadas da população em Israel. Para a classe dominante, Amir Peretz é um mizrahi (oriental), uma pessoa pertencente ao chamado "Segundo Israel". Em Novembro de 2005, Peretz derrotou o líder veterano Shimon Peres nas prévias do partido, e pela primeira vez o Partido Trabalhista passou a ter um líder visto como um "organismo estranho" pelas elites tradicionais. O professor de sociologia da Universidade Hebraica de Jerusalém Baruch Kimmerling diz que o resultado afastou eleitores tradicionais do partido. "Segundo pesquisas, cerca de metade dos eleitores tradicionais do Partido Trabalhista, abandonaram o partido depois da vitória de Amir Peretz. Ele representa uma novidade que gera um forte antagonismo", escreve Kimmerling, em artigo para o jornal Haretz. Origem Ao contrário dos líderes históricos trabalhistas, como o fundador David Ben Gurion, Golda Meir e Shimon Peres, Amir Peretz não é de origem européia. Tampouco é general da reserva, como Itzhak Rabin e Ehud Barak. Peretz foi prefeito da cidade de Sderot, no sul do país e depois presidente da Histadrut, a central sindical de Israel. Sua vitória nas prévias levou o ex-líder e primeiro-ministro Shimon Peres a abandonar o Partido Trabalhista e se unir ao premiê Ariel Sharon, que fundou o Kadima. Peres levou consigo uma grande parcela dos eleitores tradicionais do partido, que dizem considerar Peretz "despreparado" para o cargo. Mas, para o professor Baruch Kimmerling, trata-se de "racismo explícito". "Eu sou ashkenazi e tenho vergonha que meus 'irmãos' escolheram uma identidade étnica em vez de optar por uma identidade israelense", afirma Kimmerling. "O partido trabalhista sempre foi um partido étnico-ashkenazi, apesar de ter tentado se apresentar como um partido social-democrata acima das etnias." "A surpreendente escolha de Peretz destruiu o paradigma básico do partido, não por ele ser 'marroquino', mas por ser um israelense autêntico." O próprio Peretz ficou surpreso com a suposta resistência cultural que encontrou. "Eu sabia que isso existia, mas não esperava que as dimensões do fenômeno fossem tão grandes", disse. Em entrevista ao jornal Haaretz, Peretz afirmou que não esperava que tantos ashkenazim deixassem o partido por não o considerarem "um dos nossos". De acordo com uma pesquisa feita entre imigrantes da ex-União Soviética, a rejeição desse público a Amir Peretz, por razões étnicas, é praticamente total. Quando questionados sobre as propostas sociais de Peretz, como aumento do salário mínimo e garantia de aposentadoria, 60% dos imigrantes responderam positivamente. Mas, ao saber que as propostas eram de Amir Peretz, o índice de apoio caiu para zero. Sindicalista, como Lula Michel Gherman, antropólogo brasileiro e pesquisador da Universidade Hebraica de Jerusalém, vê semelhanças entre Amir Peretz e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ambos eram líderes sindicais e não vieram das elites governantes", disse Gherman à BBC Brasil. "Tanto Lula como Peretz tiveram que se confrontar com preconceitos de classe e de caráter cultural. Lula, como nordestino e operário, supostamente despreparado para governar o Brasil. E Peretz, como marroquino, de origens operárias, tambem é visto como 'despreparado'." Porém, segundo Gherman, a situação de Amir Peretz é ainda mais difícil do que a de Lula. "A posição de Peretz é mais complicada, pois ele sofre preconceitos de classe e culturais dentro de seu próprio partido e não encontra um espaço de desenvolvimento entre os eleitores tradicionais do partido. Já no PT as origens operárias de Lula eram vistas como um ponto positivo." De acordo com uma pesquisa do jornal Yediot Ahronot, o partido Kadima está liderando a corrida ao Parlamento, com uma expectativa de 39 cadeiras (entre 120). Em segundo lugar, se encontra o Partido Trabalhista, com 19 e em terceiro lugar o Likud, com 15. Segundo as avaliações dos analistas, cerca de dez das cadeiras do Kadima vieram de eleitores tradicionais do Partido Trabalhista. |
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