17 de dezembro, 2008 - 18h11 GMT (16h11 Brasília)
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) anunciou nesta quarta-feira um corte recorde de produção de 2,2 milhões de barris por dia, em uma tentativa de conter a queda da cotação do produto no mercado internacional.
A redução, aprovada durante uma reunião do cartel na Argélia, deve passar a vigorar em janeiro e foi maior do que a esperada por muitos analistas, de 2 milhões de barris.
Em setembro e outubro, os 13 países membros da organização já haviam anunciado cortes no total de 2 milhões de barris por dia.
O preço do barril de petróleo vem despencando nos últimos meses, acompanhando o agravamento da crise financeira global.
A cotação do barril teve um pico de US$ 147 em julho e caiu para aproximadamente US$ 45 devido à queda da demanda em alguns dos principais países consumidores.
A demanda internacional nas quatro semanas encerradas em 12 de dezembro foi 2,7% inferior à registrada no mesmo período do ano passado.
Rússia
Em um comunicado, a Opep, cujos membros produzem cerca de 40% do petróleo do mundo, diz que "o impacto da desaceleração econômica global levou à destruição da demanda, resultando em uma pressão negativa sem precedentes sobre os preços".
"Se continuarem caindo, os preços vão chegar a níveis que colocariam em risco os investimentos necessários para garantir suprimentos energéticos adequados no médio e longo prazos."
De acordo com o analista da BBC Rob Walker, existe o perigo de que, se continuarem baixos por muito tempo, os preços possam levar a um menor investimento na produção de petróleo para o futuro, o que por sua vez levaria à diminuição dos estoques. Isso pode ser um problema, já que há a previsão de que a demanda volte a crescer.
O cartel também pediu que países exportadores que não pertencem à organização colaborem e "apóiem a estabilização do mercado de petróleo", indicando que espera que eles também reduzam a produção.
A Rússia - que não pertence à Opep e é o segundo maior produtor de petróleo do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita - enviou um representante à reunião e indicou que está disposta a reduzir a produção nos próximos meses para ajudar a levantar os preços.
Nos anos 90, além da Rússia, o México e a Noruega, outros países que não pertencem à Opep, decidiram se unir e diminuir a produção para elevar o preço do barril, que, na época, estava em cerca de US$ 10.
Preço
O presidente da Opep, Chakib Khelil, disse que o cartel não pensou um alvo de preço para o barril ao tomar a decisão anunciada nesta quarta-feira, mas espera que ele suba em breve.
"Nós esperamos que os preços, obviamente, se estabilizem pelo menos na fase inicial perto do preço que temos nestes dias, talvez um pouquinho mais, e evolua com o tempo para um alvo que será para o bem dos produtores e consumidores, que nós estimamos que fique entre US$ 70 e US$ 80, pelo menos."
O anúncio não levou a uma alta imediata nos preços do produto nesta quarta-feira nos Estados Unidos, onde a cotação foi influenciada pela notícia de que as reservas americanas do produto continuam aumentando.
Em Nova York, o preço do barril do tipo leve para entrega em janeiro atingiu seu nível mais baixo em quatro anos e meio, chegando a ser negociado a US$ 40,20.
Estados Unidos
Os Estados Unidos, que são os maiores consumidores de petróleo do mundo, criticaram o corte na produção prometido pela Opep, descrevendo a decisão como "míope".
"Não está claro se as ações da Opep serão efetivas, dadas as mudanças na demanda global e a habilidade dos países da Opep em cumprir as metas do cartel", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto.
"De qualquer forma, a Opep tem a obrigação de manter o mercado bem abastecido e de levar em conta o bom estado da economia global", acrescentou. "Por isso, esforços para limitar os benefícios de preços mais baixos para a energia são míopes."
A queda no preço do petróleo tem sido benéfica para os Bancos Centrais, especialmente nos países em desenvolvimento, já que ameniza a pressão inflacionária, tornando mais segura uma redução dos juros, sem que isso leve a um aumento da inflação.