02 de outubro, 2008 - 21h37 GMT (18h37 Brasília)
Novos dados econômicos divulgados pelo governo dos Estados Unidos nesta quinta-feira aumentaram o pessimismo dos investidores em relação à crise que atinge o país e derrubaram as bolsas de valores – apesar da aprovação, no Senado americano, do pacote bilionário para ajudar empresas em dificuldades.
Nesta quinta-feira, o Departamento do Trabalho divulgou novos dados sobre os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, revelando que eles aumentaram na semana passada para o maior nível em sete anos.
Por sua vez, o Departamento do Comércio revelou que as encomendas da indústria americana caíram 4% em agosto, em mais um sinal de desaquecimento da economia.
Trata-se da maior contração nas encomendas desde outubro de 2006 e foi liderada pela diminuição nos pedidos de autopeças pelas montadoras americanas.
Bolsas
Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em baixa de 3,22%. Já a bolsa eletrônica Nasdaq encerrou o pregão em baixa de 4,48%.
Na Ásia, onde as bolsas fecharam antes do início dos pregões nos Estados Unidos, os investidores da bolsa de Hong Kong receberam bem a aprovação do pacote americano e o índice Hang Seng teve alta de 1,08%, mas em Tóquio houve baixa de 1,88%.
Em outras partes do mundo, as principais bolsas de valores foram contaminadas pelo pessimismo nos pregões americanos. Em São Paulo, por exemplo, a Bovespa registrou forte queda à tarde.
Na Europa, as bolsas de Paris, Londres e Frankfurt chegaram a subir no período da manhã, mas caíram depois e fecharam respectivamente em baixa de 2,25%, 1,80% e 2,51%.
Segundo analistas, as quedas nas bolsas também refletem as incertezas quanto aos efeitos do pacote e sua aprovação na Câmara dos Representantes – onde deve ir a votação pela segunda vez ainda nesta semana.
Reunião na Europa
O gabinete do presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que líderes europeus vão se encontrar em Paris no sábado para discutir uma resposta coordenada entre os países à crise.
O encontro deve contar com a presença dos chefes de Estado da Grã-Bretanha, Gordon Brown, da Alemanha, Angela Merkel, e da Itália, Silvio Berlusconi, além do presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet.
Segundo a correspondente da BBC em Paris, Emma-Jane Kirby, a dois dias da reunião, os líderes europeus estão divididos sobre a crise.
A França e a Holanda defendem uma ajuda européia aos bancos atingidos pela crise de crédito, enquanto a Alemanha e Luxemburgo afirma que um plano de resgate não é necessário.
Os líderes europeus negaram boatos sobre a criação de um pacote europeu, estimado em 300 bilhões de euros (US$ 418 bilhões), nos moldes do plano que tramita no Congresso americano.
"Eu nego tanto a quantia quanto o princípio (de um plano)", disse Sarkozy.
Votação nos EUA
Na noite de quarta-feira, o Senado dos Estados Unidos aprovou a versão modificada do plano de US$ 700 bilhões do governo americano para salvar companhias em risco.
A aprovação se deu por 74 votos a favor e 25 votos contra.
Para facilitar a aprovação nas duas casas legislativas e tentar neutralizar as críticas da opinião pública ao pacote, foram introduzidas mudanças no plano inicial que foi rejeitado pela Câmara na segunda-feira.
A principal alteração foi o aumento do limite de depósitos bancários garantidos pelo governo – que passa de US$ 100 mil para US$ 250 mil.
Também foram incluídos descontos nos impostos para promover o uso de fontes de energia renováveis por empresas, no total de quase US$ 80 bilhões, e a prorrogação e ampliação de outras reduções nos impostos para pessoas físicas e empresas.
Os dois candidatos à sucessão de Bush, os senadores Barack Obama (democrata) e John McCain (republicano), interromperam suas campanhas para votar a favor do pacote.