BBCBrasil.com
70 anos 1938-2008
Español
Português para a África
Árabe
Chinês
Russo
Inglês
Outras línguas
 
Atualizado às: 20 de outubro, 2008 - 15h50 GMT (13h50 Brasília)
 
Envie por e-mail   Versão para impressão
Análise: Crescimento da China é crucial para América Latina superar crise
 

 
 
Fábrica na China (arquivo)
Demanda chinesa por matéria-prima é um fator crucial
As economias da América Latina se encontram em uma posição mais forte para enfrentar a crise financeira global do que estavam no passado.

A maioria dos países tem superávit comercial, grandes reservas monetárias e um nível saudável de déficit fiscal.

Mas a combinação de uma desaceleração global com a queda dos preços das matérias-primas ameaça reverter a recente tendência de crescimento.

O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional já mudaram suas perspectivas de crescimento para a região em 2009.

Existe o temor de que os governos tenham que cortar seus gastos em saúde, educação e planos de erradicação da pobreza.

A dúvida é se a China poderia diminuir estes efeitos.

Nos últimos dez anos muitos países, principalmente na América do Sul, diversificaram seus sócios comerciais e incluíram o gigante asiático.

Em 2000, o comércio entre a América Latina e a China alcançava os US$ 13 bilhões. Em 2007, esta soma chegou aos 103 bilhões.

Soja

A economia chinesa cresceu 13% em 2007 e, para acompanhar este crescimento, o país está importando matérias-primas como soja e ferro do Brasil, soja e oleaginosas da Argentina, cobre do Chile, estanho da Bolívia e petróleo da Venezuela.

 Se a economia chinesa continuar crescendo, poderia sem dúvida ajudar a manter o crescimento das economias da América Latina.
 

Atualmente, a China é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, perdendo apenas para os Estados Unidos; o terceiro da Argentina; segundo do Peru e o principal mercado de exportação para o Chile.

Se a economia chinesa continuar crescendo, poderia sem dúvida ajudar a manter o crescimento das economias da América Latina.

Mas a dúvida é se o crescimento chinês é sustentável e se o país pode continuar absorvendo as commodities da região.

O comércio é responsável por 70% da economia chinesa, principalmente a venda de produtos manufaturados baratos para os Estados Unidos e Europa.

Mas se a demanda nestas regiões cair, muito provavelmente a produção chinesa será afetada e o superávit comercial do país também.

E já existem sinais de desaceleração: as exportações para os Estados Unidos caíram cerca de 20%. Há informações de que os produtores de aço diminuíram a produção em 20% e que milhões de toneladas de ferro estão encalhadas em portos chineses.

Opiniões diferentes

Existem opiniões diferentes sobre até que ponto a economia chinesa perderá força.

"Segundo o governo chinês, a economia não vai cair mais além dos 8%", disse David Roche, fundador da consultoria Independent Strategy, de Hong Kong.

"Mas já está a caminho dos 4%, ainda que (o governo) nunca não diga isto."

Outros analistas afirmam que a queda será muito menor e levará a um crescimento de entre 8% e 9%.

O que interessa aos países da América Latina é descobrir quais os setores da economia da China que continuarão crescendo e a que ritmo.

A demanda por ferro já é vista como instável e a de cobre depende de com qual velocidade a China quer avançar com a expansão da eletricidade a todo o país.

Vulneráveis

Argentina e Paraguai são particularmente vulneráveis a uma queda na demanda chinesa por soja.

Desde julho, os preços do produto vêm caindo. E muitos analistas garantem que a notável recuperação da economia argentina desde 2001 se deve, em grande parte, às exportações de soja, principalmente para a China.

O Chile, por sua vez, seria afetado por uma queda na demanda de cobre. O minério teve um aumento de 700% entre 2001 e meados de 2008, mas agora o preço está caindo.

Porém, diferentemente de outros países da América Latina, o Chile conta com uma ampla reserva, de cerca de US$ 20 bilhões, poupada quando o preço do cobre estava aumentando.

Hu Jintao e Hugo Chávez assinaram acordos comerciais
Hu Jintao e Hugo Chávez assinaram acordos comerciais
No caso da Venezuela e do Equador a demanda chinesa fará pouco para compensar as quedas nos preços do petróleo que estão afetando estes países.

Apesar de toda a publicidade dos acordos entre o presidente venezuelano Hugo Chávez e o governo chinês, a Venezuela exporta apenas 250 mil barris de petróleo por dia ao país asiático, enquanto envia 1,5 milhão de barris para os Estados Unidos diariamente. O total de exportações da Venezuela para a China em 2007 foi de apenas US$ 3 bilhões.

Matéria prima

No geral, os preços das matérias-primas são provavelmente os maiores fatores determinantes do crescimento econômico de médio prazo na América Latina.

Segundo o Banco Mundial, cerca de metade do crescimento da região nos últimos cinco anos foi estimulado pelos altos preços das commodities.

O papel da China é crucial. A economia chinesa é, provavelmente, o maior fator para decidir se a atual queda no preço da maioria das matérias-primas é apenas um evento passageiro ou uma tendência de longo prazo.

E a crise também pode ter um aspecto positivo. Alguns analistas acreditam que a China poderia aumentar seus investimentos na América Latina.

Até o momento, os investimentos chineses na região não chegaram perto dos US$ 100 bilhões que o presidente Hu Jintao prometeu em 2004. Em 2007, estes investimentos foram de US$ 22 bilhões, comparados com os US$ 350 bilhões que companhias americanas investem na região.

Os analistas da consultoria Oxford Analytica prevêem que este nível de investimento chinês pode aumentar em um momento em que a China tenta garantir seu estoque de matéria-prima.

 
 
fábrica na China Dólares da China
Reservas chinesas podem ser 'salvação' para crise global.
 
 
brinquedo chinês Indústria em crise
Metade das fábricas chinesas de brinquedo fechou em 2008.
 
 
Agricultores na China. Foto: AP China
Governo quer dobrar renda per capita rural até 2020.
 
 
Pequim Crise global
China não é salvação, mas sofrerá menos, dizem analistas.
 
 
Economia global em crise Especial
Veja notícias e análises sobre a crise na economia global.
 
 
NOTÍCIAS RELACIONADAS
China lança fundo para ajudar exportadores
08 outubro, 2008 | BBC Report
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
 
 
Envie por e-mail   Versão para impressão
 
Tempo | Sobre a BBC | Expediente | Newsletter
 
BBC Copyright Logo ^^ Início da página
 
  Primeira Página | Ciência & Saúde | Cultura & Entretenimento | Vídeo & Áudio | Fotos | Especial | Interatividade | Aprenda inglês
 
  BBC News >> | BBC Sport >> | BBC Weather >> | BBC World Service >> | BBC Languages >>
 
  Ajuda | Fale com a gente | Notícias em 32 línguas | Privacidade