23 de junho, 2008 - 15h28 GMT (12h28 Brasília)
Pablo Uchoa
Da BBC Brasil em Londres
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta segunda-feira em Londres que o Banco Central vai fazer o que for necessário para conter a alta inflacionária.
"O Banco Central tem mostrado seu compromisso com a meta de inflação e está preparado para agir para resguardar a estabilidade dos preços, que é uma pré-condição para o crescimento sustentável", disse ele a uma platéia de investidores e empresários.
"A condições monetárias têm se tornado mais restritas desde o início do ano e os resultados vão ser mais claros no devido tempo."
Meirelles está na capital britânica para conversar com investidores e participar de eventos com a comunidade empresarial. Ele fez suas considerações em um almoço promovido pela Câmara Brasileira de Comércio.
‘Desaceleração moderada’
Desde abril, o BC elevou duas vezes os juros para os atuais 12,25% ao ano. Muitos analistas esperam que a taxa Selic suba para 14,25% ao fim deste ano de acordo com a sondagem do BC no mercado financeiro publicada no Boletim Focus.
Na ata de sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) disse que continuará a elevar a Taxa Selic da economia "enquanto for necessário".
A inflação chegou a 5,6% em maio, acima do centro da meta de 4,5% ao ano pelo IPCA, mas ainda dentro da margem de dois pontos percentuais.
Apesar de pontuar o combate à inflação, Meirelles também disse que uma desaceleração "moderada" da economia global terá efeito limitado sobre o crescimento brasileiro.
"A economia global enfrenta um período de testes e estes trazem riscos para o cenário macroeconômico brasileiro. Mas é importante colocar as coisas em perspectiva. A demanda doméstica está impulsionando o crescimento do PIB no Brasil, o país mostra uma diversificação crescente das exportações, tanto em termos de produtos como de mercado."
"Portanto, se o consenso de uma desaceleração global moderada prevalecer, o canal da demanda direta deve ter um impacto, de certa forma, limitado nos prospectos de crescimento de curto prazo do Brasil", afirmou.
Entretanto Meirelles afirmou que a economia brasileira não estaria "totalmente imune" a uma turbulência mundial mais severa.
"O Brasil está totalmente integrado na economia mundial e inevitavelmente sofreria as conseqüências de uma forte desaceleração, mas provavelmente de maneira mais suave do que no passado. Na verdade, a desaceleração global é a razão porque esperamos uma desaceleração do PIB de 5,8% registrados nos últimos quatro trimestres, para 4,8% no final do ano", afirmou.