04 de março, 2008 - 02h51 GMT (23h51 Brasília)
Márcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o chileno José Miguel Insulza, classificou nesta segunda-feira de “grave” a crise entre a Colômbia e o Equador, desencadeada pela morte do guerrilheiro Raúl Reyes e de outros rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território equatoriano.
Em um comunicado, segundo a imprensa chilena, Insulza disse que espera uma solução de “maneira pacífica”.
O secretário contou que conversou com líderes e chanceleres da região para tentar aproximar posições e abrir o diálogo entre os dois países andinos, “como único mecanismo de negociação”.
Insulza deverá liderar nesta terça-feira uma reunião extraordinária do Conselho Permanente do organismo multilateral formado por 34 estados.
O encontro será realizado a pedido do presidente do Equador, Rafael Correa, acusado por autoridades colombianas de supostas ligações com as Farc.
Correa retirou o embaixador de seu país de Bogotá e expulsou o representante do governo colombiano de Quito.
A tensão diplomática inclui o anúncio do líder venezuelano Hugo Chávez de mandar tropas para a fronteira com a Colômbia.
"Defesa da paz"
Insulza foi ministro do Interior e vice-presidente no governo do ex-presidente chileno Ricardo Lagos.
Nesta segunda-feira, diferentes líderes e autoridades dos países da América do Sul saíram em defesa da paz entre os andinos.
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse que lamenta que não se tenha respeitado a fronteira – referência ao governo colombiano do presidente Álvaro Uribe, que alegou “legítima defesa” para a ação militar em território equatoriano.
“Que esse conflito não se escale. O importante agora é que a OEA chamou embaixadores para uma reunião, para impedir que ocorram conseqüências graves. Todos queremos a paz”, afirmou Bachelet.
O ministro chileno das Relações Exteriores, Alejandro Foxley, acrescentou que o objetivo na reunião desta terça-feira será “uma voz mais ativa”, “um papel construtivo” frente a esta crise.
Soberania territorial
Nesta segunda-feira, além das autoridades chilenas, autoridades peruanas, bolivianas e argentinas pediram uma saída pacífica para a disputa entre os países andinos. Cada um condenou à sua maneira a invasão do espaço territorial no Equador.
O chanceler argentino, Jorge Taiana, divulgou nota repudiando “qualquer forma de violação da soberania nacional”.
O mesmo disse o ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca, que leu um comunicado, em La Paz. “A Bolívia considera injustificável qualquer tipo de ação que represente a violação da soberania e integridade territorial dos Estados e reitera (...) que o conflito de Colômbia deve ser encarado através de soluções pacíficas (...) com apoio da comunidade internacional”, dizia o comunicado.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, falou com os colegas Luiz Inácio Lula da Silva, Álvaro Uribe e Rafael Correa e confirmou, segundo assessores argentinos, a viagem que já estava marcada para Caracas, na Venezuela, nesta quarta-feira.