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Atualizado às: 11 de março, 2008 - 11h33 GMT (08h33 Brasília)
 
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Vale sinaliza ascensão global de multilatinas, diz 'FT'
 
Roger Agnelli, presidente-executivo da Vale (Foto: Fabio Pozzebom/ABr)
'A ascensão da Vale tem sido particularmente notável', diz jornal
A proposta da mineradora Vale de comprara a anglo-suíça Xstrata ilustra a tendência de crescimetno das grandes empresas latinas, segundo reportagem de página inteira publicada nesta terça-feira pelo diário britânico Financial Times.

De acordo com o jornal, alguns anos atrás a idéia de que empresas latinas começariam a dominar indústrias globais soaria como uma fantasia, “mas é o que começou a ocorrer nos últimos três anos em setores como cimento, mineração e telecomunicações.”

Mas para o FT, a oferta da Vale de comprar a Xstrata por US$ 85 bilhões leva esta tendência a um novo patamar - se a compra for efetivada, a empresa se tornará o maior conglomerado de mineração do mundo.

“Não é apenas o tamanho da transação que representa um marco. Mesmo com os mercados financeiros e de crédito em estado de turbulência como resultado da crise dos títulos hipotecários subprime, a Vale conseguiu levantar um empréstimo de não menos que US$ 50 bilhões com relativa facilidade.”

A reportagem afirma que a tendência de empresas de países em desenvolvimento se expandirem para países desenvolvidos começou nos anos 80, quando empresas de eletrônicos e produtores de chips de computador da Coréia do Sul e Taiwan “lançaram a trilha”.

"Até agora, a maior parte das multinacionais latino-americanas opera com materiais básicos, um setor suscetível a altos e baixos cíclicos", diz o jornal, "e também um setor com poucas marcas conhecidas mundialmente".

“Mas muitos observadores argumentam que os novos peso-pesados estão aqui para ficar, o que seria mais um resultado da ascensão da China e da Índia e do conseqüente realinhamento da economia global.

O FT destaca a proeminência de companhias asiáticas neste cenário, mas afirma que nos últimos quatro ou cinco anos, gigantes latino-americanas também têm comprado empresas em outros países, citando exemplos da Vale e da mexicana Cemex.

“A ascensão da Vale tem sido particularmente notável. De acordo com o Boston Consulting Group, ela hoje produz mais retorno para os acionistas do que qualquer grande empresa do mundo, tendo tido um retorno anual de 64,3% em média, entre 2002 e 2007. Em comparação, o retorno médio da Apple no mesmo período foi de 62%, da BHP Billiton foi de 31,2% e da Toyota foi de 12,8%.”

Segundo o FT, a ascensão das empresas latino-americanas se deve também, em parte, a melhores perspectivas econômicas na região, que tornaram mais barato para as empresas levantar capital.

No México, desde o calote da dívida e a desvalorização da moeda em 1994, os sucessivos governos vêm adotando políticas fiscais e monetárias cautelosas, que resultaram na estabilidade econômica, afirma o jornal.

“O Brasil, que estava à beira do calote entre 1999 e 2002, está seguindo o caminho, tendo estabilizado suas finanças e diminuído a inflação. Desde janeiro, o país é credor internacional, com US$ 190 bilhões de reservas estrangeiras – estimuladas pelo alto nível de investimentos e o forte preço dos commodities de exportação – mais do que compensando a dívida externa e interna.”

Segundo o jornal, tudo isso tornou os títulos de dívidas de mercados emergentes um negócio mais atraente para investidores estrangeiros. A alta do preço das ações também fez com que um número crescente de empresas listasse suas ações nos mercados locais, facilitando o acesso ao capital.

O artigo ainda cita que com o mesmo acesso a capital que suas concorrentes, as empresas conseguem tirar vantagem do fato de oferecer melhor retorno do que companhias baseadas nos Estados Unidos ou na União Européia, por exemplo, e ressalta o fato de as multilatinas ocuparem posição de destaque em seus mercados domésticos.

“As duas maiores multilatinas do Brasil – Vale e Petrobras – têm fortes ligações com o governo. A Vale foi privatizada no fim dos anos 90, mas o governo ainda detém poder de veto (através de ações preferenciais) sobre algumas decisões estratégicas, enquanto a Petrobras permanece sob o controle do governo.”

O FT ainda comenta que os administradores latino-americanos desenvolveram suas habilidades em duras condições de mercado e, além de ter boas ligações com os governos locais, algumas multilatinas se provaram “boas inovadoras”.

“A questão agora é se o crescimento dessas companhias gigantes podem influenciar de forma mais ampla o capitalismo latino-americano. Um problema é que grande parte da recente ascensão reflete o crescimento da demanda de commodities e matérias primas. Se o crescimento chinês se desacelerar bruscamente por qualquer razão, o cenário poderia mudar rapidamente, com potenciais sérias implicações.”

“Outro problema é que o aumento do preço das commodities contribuiu para um aumento na exportação que provocou uma forte valorização do real frente ao dólar, por exemplo, prejudicando a competitividade de exportação de muitos fabricantes. Muitas companhias estão se voltando para o mercado doméstico, onde o aumento da oferta de empregos e dos salários provocou uma alta da demanda”, diz o FT.

 
 
'Financial Times'
Xstrata rejeita oferta de compra da Vale, diz jornal.
 
 
Dólares Pesquisa
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