10 de janeiro, 2008 - 14h49 GMT (12h49 Brasília)
Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil
Dois helicópteros venezuelanos com o emblema do Comitê Internacional da Cruz Vermelha já deixaram a Venezuela rumo a San José de Guaviare, na Colômbia, cidade que será o ponto de partida da operação de resgate de duas reféns em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
De San José de Guaviare, os helicópteros partirão em direção ao local indicado pela guerrilha para libertar Clara Rojas, ex-assessora da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, também seqüestrada, e da ex-congressista Consuelo González de Perdomo.
Se a operação der certo, as duas podem ser libertadas ainda nesta quinta-feira.
Após a libertação, Clara e Consuelo devem regressar à Venezuela onde deverão ser recebidas por suas famílias e pelo presidente Hugo Chávez, para quem a guerrilha prometeu entregar as duas mulheres.
Os parentes das reféns, em cativeiro há mais de seis anos, chegaram a Caracas no dia 27 de dezembro, quando ainda tinham esperanças de que o resgate pudesse ocorrer antes do Ano Novo.
Cessar fogo
A operação iniciada nesta quinta-feira tem sido tratada com sigilo. No local de resgate, conforme informou o jornal El Tiempo, devem estar apenas o ministro venezuelano de Interior e Justiça, Ramón Rodríguez Chacín, coordenador da operação, um assistente do ministro, um médico e um jornalista venezuelano, além de alguns integrantes da Cruz Vermelha Internacional.
O ministro colombiano de Defesa, Juan Manuel Santos, anunciou ter determinado a suspensão das operações militares na zona em que a libertação poderá ocorrer. As ações de combate à guerrilha deveriam ser interrompidas às 6h local ( 8h de Brasília) e deve durar pelo menos 12 horas.
Na primeira tentativa de resgate das reféns, frustrada no dia 31, as Farc acusaram o governo da Colômbia de ter aumentado a ofensiva na selva, o que teria impedido a guerrilha de entregar os reféns.
Pouco tempo depois, a partir de uma hipótese levantada pelo presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, veio à tona a informação de que o menino Emmanuel, que estaria em cativeiro com a mãe Clara, estaria em um orfanato em Bogotá.
O ministro da Defesa disse na noite desta quarta-feira estar disposto a prolongar o prazo do cessar-fogo se algum inconveniente, como más condições metereológicas, dificultarem a missão.
Desagravo
A operação de resgate foi autorizada pelo governo da Colômbia nesta quarta-feira imediatamente após o presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciar que havia recebido as coordenadas das Farc sobre a localização em que seriam entregues as reféns.
Se concretizado o resgate, será a primeira vez na história do conflito colombiano que as Farc libertam um grupo de reféns de maneira incondicional e unilateral.
Em dezembro, as Farc anunciaram que entregariam os reféns como um “ato de desagravo” ao presidente Chávez e aos familiares dos reféns, em resposta à decisão de Uribe de terminar com a mediação do presidente venezuelano no acordo humanitário entre a guerrilha e o governo da Colômbia.
Para os familiares dos seqüestrados, a libertação de Clara e Consuelo reacende a esperança sobre a concretização de um acordo humanitário mais amplo, interrompido desde o fim da mediação de Chávez, que previa a libertação de 43 reféns em troca de 500 guerrilheiros presos.