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03 de novembro, 2008 - 14h59 GMT (12h59 Brasília)

Entenda melhor as eleições e o que está em jogo

Os americanos já estão indo às urnas para escolher se será o democrata Barack Obama ou o republicano John McCain o novo presidente dos Estados Unidos, substituindo George W. Bush – que deixa o cargo em 20 de janeiro de 2009.

O processo de escolha dos candidatos começou formalmente em 3 de janeiro, com a realização do caucus de Iowa.

Desde então, os americanos testemunharam uma das mais intensas campanhas presidenciais de sua história, com meses de prévias, debates e milhões de dólares gastos em propaganda pelos pré-candidatos e candidatos à Casa Branca.

A BBC preparou uma série de perguntas para ajudar você a entender melhor como as eleições funcionam e a importância delas.

Quando é a eleição e como ela é feita?

O 44º presidente dos Estados Unidos será eleito no dia 4 de novembro.

Ao mesmo tempo, ocorrem eleições para renovar totalmente a Câmara dos Representantes e um terço do Senado. Também serão realizados em vários Estados referendos sobre assuntos diversos e eleições para governador em 11 Estados: Carolina do Norte, Dakota do Norte, Delaware, Indiana, New Hampshire, Missouri, Montana, Utah, Vermont, Virgínia Ocidental e Washington, além dos territórios de Samoa Americana e Porto Rico.

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Entretanto, em vários Estados, os eleitores tiveram a oportunidade de votar antecipadamente. Até o final de outubro, cerca de 15 milhões dos cerca de 213 milhões de eleitores registrados nos Estados Unidos já haviam votado.

Leia mais sobre o voto antecipado

Em relação à forma de votação, os Estados Unidos adotam um sistema bastante descentralizado.

No Brasil, as eleições são realizadas no país inteiro da mesma forma.

Já nos Estados Unidos, cada condado pode decidir como ela é feita. Há aqueles que optam por cédulas de papel, outros fazem votação eletrônica. Outros ainda não permitem votação antecipada. Segundo analistas, essa variedade torna o sistema americano mais vulnerável a problemas como os registrados nas eleições do ano 2000 na Flórida.

Leia: Flórida tenta prevenir fiasco de 2000 com votação antecipada

Quem concorre?

Senador em seu primeiro mandato pelo Estado de Illinois, o democrata Barack Obama pode ser o primeiro negro a assumir a Presidência americana. Ele tem antecedentes familiares incomuns: nascido no Havaí, sua mãe era do Estado do Kansas e seu pai, do Quênia. Além disso, passou parte de sua infância na Indonésia.

Obama, de 47 anos, venceu uma dura batalha com a senadora Hillary Clinton pela indicação do partido, só conseguindo garantir a candidatura em junho (normalmente, o candidato de um partido é definido meses antes). Durante a campanha, ele enfrentou acusações de ligações com figuras polêmicas e de ser inexperiente demais para assumir a Presidência, especialmente na área de política externa. Talvez para equilibrar isso, convidou o veterano senador Joe Biden, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, para ser seu vice.

O republicano John McCain, senador pelo Estado do Arizona, é elogiado por seu passado militar. Piloto na Guerra do Vietnã, teve seu avião derrubado em 1967. McCain se recusou a ser libertado antes de outros prisioneiros de guerra, permanecendo preso por cinco anos - dois deles em confinamento solitário.

Em comparação com Obama, enfrentou uma disputa mais tranqüila dentro do Partido para garantir a candidatura. Na campanha, procurou se distanciar do impopular George W. Bush. Se for eleito, será o mais velho a assumir o cargo em um primeiro mandato: terá 72 anos no dia 20 de janeiro. Ele escolheu como vice de sua chapa a governadora do Estado do Alasca, Sarah Palin. Pouco conhecida no resto do país até antes de aceitar o convite de McCain, Palin é, como Obama, criticada por sua falta de experiência.

Além de Obama e McCain, vários outros candidatos menores estão concorrendo à Casa Branca sem chances reais de vitória. Muitos deles só conseguiram se registrar em alguns Estados.

O mais conhecido deles é Ralph Nader, um defensor dos direitos do consumidor a quem muitos democratas creditam a derrota de Al Gore para o republicano George W. Bush na polêmica eleição de 2000. Na época, Ralph foi acusado de ter “roubado” eleitores que, sem ele no páreo, poderiam ter votado em Gore e ter-lhe garantido a vitória.

Qual o partido com maior chance de vitória?

As mais recentes pesquisas indicam que Obama está na dianteira, mas algumas delas colocam o democrata na frente por uma margem muito pequena, de forma que ele e McCain estão tecnicamente empatados.

Segundo uma média de várias pesquisas nacionais de intenção de voto divulgada pelo site RealClearPolitics.com, relativa ao período entre 23 e 29 de outubro, Obama tinha 50% das preferências do eleitorado, contra 43,7% para McCain.

Entretanto, analistas alertam que pode haver surpresas, já que muitos eleitores podem estar escondendo suas reais intenções de voto.

Leia também: O Racismo pode ser um empecilho a Obama?

Quais foram os principais temas da campanha presidencial?

No início do ano, o foco da campanha ainda parecia ser o Iraque, refletindo a preocupação do eleitorado americano com as mortes de soldados nas operações no país.

No entanto, a estratégia adotada pelos Estados Unidos em 2007 de ampliar a quantidade de tropas no país conseguiu reduzir a quantidade de mortes de soldados.

Paralelamente a isso, a crise econômica começou a ganhar força nos EUA e se tornou o principal foco das preocupações do eleitorado americano.

Leia mais: Candidatos à Casa Branca focam campanha em economia

Nos três debates realizados entre Obama e McCain, em setembro e outubro, o principal assunto discutido foi a economia.

O candidato que obtiver maior número de votos ficará com a Presidência?

Não necessariamente. Os eleitores, tecnicamente, não participam de uma eleição direta do presidente. Eles escolhem "eleitores", que compõem o Colégio Eleitoral, que prometem apoiar um determinado candidato. São esses escolhidos que na verdade elegem o presidente. Há 538 deles, e os Estados mais populosos têm mais "eleitores" do que os Estados pequenos.

Com exceção de dois Estados pequenos, Maine e Nebraska, o vencedor do voto popular leva todos os votos do colégio eleitoral daquele Estado, mesmo que a vitória seja por uma margem muito pequena.

Ou seja: a distribuição dos delegados não é proporcional à votação do candidato.

Por isso, pode acontecer de um candidato acabar com mais votos no Colégio Eleitoral do que seu rival, mas com uma parcela nacional menor do voto popular.

Quais são os Estados cruciais?

Nos últimos anos a tendência tem sido que a maioria dos Estados nas costas leste e oeste do país votarem nos democratas e a maioria dos demais, nos republicanos. Mas há vários Estados que podem pender para um lado ou outro. Entre eles estão Flórida, Ohio e Pensilvânia (cada um com 20 ou mais votos no Colégio Eleitoral) e também Colorado, Indiana, Missouri, Nevada e Virgínia.

Obama e McCain concentraram os seus esforços nesses Estados nestes últimos dias da campanha.

Clique aqui para ver o especial da BBC Brasil sobre as eleições americanas