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'A água veio tão rápido que perdemos tudo', diz refugiada em Bangladesh | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Para milhares de bengaleses o debate científico sobre mudanças climáticas é algo distante e incerto. No entanto, não é difícil encontrar casos de pessoas que tiveram que deixar suas casas afetadas por algum desastre relacionado ao clima. Rahela Begum é um exemplo. Ela conta que perdeu tudo o que tinha com uma enchente-relâmpago no distrito de Sherpur, no norte do país. "A água veio tão rapidamente que em mais ou menos meia hora ou uma hora, perdemos quase tudo. Nem equipamento para cozinhar conseguimos salvar", afirmou Begum à BBC Brasil. Agora ela vive com sua família em Daka, a capital de Bangladesh, e paga 500 thaka (cerca de R$ 18) por mês, mais despesas com eletricidade, por um barraco de cerca de quatro metros por três metros. Mohammed Selim é dono de 11 barracos para alugar na favela de Nagayon, nos arredores de Dhaka, e diz que histórias como a e Begum não são raras. “As pessoas que vêm para cá de várias partes do país e normalmente vêm para cá porque perderam tudo nos seus locais de origem." Bangladesh é um país que historicamente tem enfrentado problemas com desastres naturais. A intensidade desses problemas, porém, aparentemente está aumentando. "O governo construiu um dique para proteger da maré alta as terras cultiváveis do nosso vilarejo em 1971”, conta o professor primário Alamgir Hossain Dulal, morador da vila de Kuakata, no litoral da Baía de Bengala. “Só que há uns sete ou oito anos, algumas marés altas de lua cheia conseguem ultrapassar o dique e já prejudicam o cultivo de arroz." A freqüência das enchentes também parece ter aumentado. Neste ano, de acordo com Nabiha Chowdhury, da Crescente Vermelha (co-irmã da Cruz Vermelha Internacional) de Bangladesh, as chuvas afetaram a produção geral de grãos neste ano. "Em agosto, depois das enchentes, como sempre fizeram, os lavradores semearam a próxima colheita. Só que dessa vez, em algumas semanas uma nova enchente veio e destruiu tudo. Atualmente, até a população local está um pouco confusa", disse Chowdhury à BBC Brasil. A intensidade e a duração dos ciclones que sempre abalaram a região também parece ter mudado de padrão e de freqüência. "Antes, a época dos tufões e furacões ia de abril a maio e de outubro a novembro. Agora, temos cada vez mais ciclones fora de época", afirmou Shafiqul Alam, um comerciante de Koakuta. Ele diz ainda que de cinco anos para cá, a freqüência dos ciclones, que costumava a ser de cerca de dois por ano, passou a ser de oito a dez. Como aconteceu com Rahela Begum, para muitas das vítimas dos desastres naturais, a saída tem sido a fuga para a capital bengalesa, Dhaka. Hoje, a cidade tem mais de 10 milhões de habitantes e uma infra-estrutura que atende apenas parte da população, mas ainda consegue oferecer oportunidades, ainda que limitadas, aos recém-chegados. Esse panorama provavelmente vai mudar se as mudanças climáticas continuarem a gerar um aumento no fluxo de refugiados ambientais. |
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