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30 de outubro, 2007 - 03h51 GMT (01h51 Brasília)

Marcia Carmo
De Buenos Aires

Em 1ª entrevista, Cristina defende ampliação do Mercosul

Em sua primeira entrevista depois de ter sido eleita presidente da Argentina, a primeira-dama e senadora Cristina Fernández de Kirchner defendeu nesta segunda-feira a ampliação do Mercosul, sem citar os nomes dos novos países que poderiam integrar o bloco.

Cristina destacou a importância da integração energética da região como saída frente à alta do preço do petróleo.

“Não seria estranho que o preço do barril do petróleo chegue a 100 dólares. Por isso, a equação energética da América Latina é fundamental”, disse Cristina em entrevista ao jornalista Joaquín Morales Solá, do programa “Desde el Llano”, da emissora de televisão TN (Todo Notícias).

A presidente eleita afirmou que a Argentina “voltou” para a América Latina durante a gestão do atual presidente, seu marido Néstor Kirchner.

“Nós voltamos à casa”, disse. “E queremos aprofundar essa relação com a América Latina. Mais força, mais identidade, mais complementaridade entre nossas economias para nos relacionarmos com outros blocos.”

Segundo Cristina, a Argentina tinha “saído de casa”, achando que era “sócia dos grandes”.

“O peso de um país não se define porque um líder se afinou com esse ou aquele bloco. O peso de um país tem a ver com seu peso econômico e com o que ele representa em sua região geográfica de influência”, disse.

As declarações de Cristina sobre o Mercosul e a América Latina foram feitas quando questionada sobre que países, em sua opinião, são hoje “amigos” da Argentina. Ela brincou: “amigos íntimos?”.

Na entrevista, a presidente eleita fez um balanço da sua vitória nas urnas, destacando que foi a diferença mais ampla entre o primeiro e o segundo colocado desde a volta da democracia ao país, em 1983.

Cristina disse que também teve participação no plano econômico do governo atual, reconhecido pelos argentinos, segundo diferentes pesquisas de opinião, como uma das principais realizações da administração do presidente Kirchner.

Críticas à imprensa

Pela segunda vez em menos de uma semana Cristina voltou a criticar a imprensa. Na última quarta-feira, a então candidata havia feito críticas à imprensa durante sua participação no programa “A Dos Voces”, da mesma emissora de televisão.

Desta vez, no programa de Morales Solá, Cristina pediu uma “autocrítica” dos veículos de comunicação depois dos resultados das urnas.

“Durante meses disseram que a oposição ganharia na província de Santa Cruz e colocaram na primeira página, com destaque, os últimos problemas que ocorreram lá”, disse, referindo-se à província onde Kirchner foi governador durante 12 anos seguidos.

Cristina, como ela mesma destacou, recebeu quase 70% dos votos dos eleitores daquela província, na Patagônia.

“Acho que o leitor merece informação fidedigna, informação correta”, disse. “Se os meios de comunicação se convertem em meios de oposição, o sistema se desestabiliza.”

Quando questionada sobre como será sua relação com a imprensa, a presidente eleita disse: “Acho que será perfeita se os meios de comunicação voltarem a ser meios de comunicação e não de oposição”.