19 de outubro, 2007 - 13h48 GMT (10h48 Brasília)
A ex-primeira ministra do Paquistão Benazir Bhutto acusou seguidores de um ex-líder militar, o general Zia ul-Haq, de serem os responsáveis pelo atentado a bomba em Karachi nesta quinta-feira, que matou mais de 130 pessoas.
Duas bombas explodiram no meio da multidão que acompanhava a passagem do comboio que levava Bhutto e correligionários pelas ruas da cidade, pouco depois de seu retorno ao país.
Bhutto, que saiu ilesa do ataque, disse, em entrevista à revista francesa Paris Match: “Sei exatamente quem quer me matar”.
“São os dignitários do antigo regime do general Zia que estão, hoje, por trás do extremismo e fanatismo”, disse ela.
Zia liderou um golpe militar em 1977 que derrubou o então presidente, Zulfikar Ali Bhutto, pai de Benazir. Zulfikar foi enforcado dois anos depois.
O general morreu em um acidente de avião, em circunstâncias misteriosas, em 1988.
Nas eleições subseqüentes, Benazir Bhutto foi eleita para a sua primeira gestão como primeira-ministra.
Centenas de pessoas foram feridas no caos que se seguiu às explosões nas ruas de Karachi, ocorridas pouco depois da meia-noite. As ruas ficaram cobertas de cadáveres e partes de corpos.
Informações dizem que a primeira explosão foi causada por uma granada de mão e a segunda, por um homem-bomba.
A polícia diz ter encontrado a cabeça do suspeito, que teria levado, preso ao corpo, cerca de 15 a 20 kg de explosivos.
Até agora nenhum grupo assumiu a autoria do atentado. A polícia está investigando se o ataque pode ter sido obra de grupos ligados à Al-Qaeda, que operam na região na fronteira com o Afeganistão, controlada por líderes tribais.
Bhutto, que lidera a maior força política do país, o Partido do Povo do Paquistão (PPP), declarou que apoia a chamada luta contra o terror liderada pelos Estados Unidos e que estava retornando ao Paquistão para combater o extremismo.
Ela não foi atingida nas explosões porque viajava em um veículo blindado.
A maior parte dos mortos era formada por membros do PPP e policias que cercavam o comboio.
O marido de Bhutto, Asif Ali Zardari, acusou os serviços de inteligência do Paquistão de envolvimento no atentado.
O retorno da ex-primeira-ministra ao país, depois de oito anos de exílio voluntário no exterior, veio após um acordo com o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf.
Os dois negociam uma eventual divisão de poder no país.
Nas duas ocasiões em que foi primeira-ministra, Benazir foi destituída do cargo pelo então presidente do país.
Ela deixou o Paquistão em abril de 1999, pouco antes de o general Musharraf ter tomado o poder com um golpe, e dois anos depois de seu marido ter sido preso e de ela ter sido acusada de corrupção.