09 de maio, 2007 - 17h19 GMT (14h19 Brasília)
Marcia Carmo
De Buenos Aires
Terminou sem acordo a reunião entre a Petrobras e o governo boliviano, nesta quarta-feira, em La Paz, na Bolívia.
Foi o primeiro encontro entre representantes da empresa e autoridades do governo do presidente Evo Morales, após seu decreto sobre as duas refinarias da Petrobras, no território boliviano.
"Foi um encontro cordial, muito tranqüilo, onde detalhamos a proposta da Petrobras às autoridades bolivianas", disse o brasileiro José Freitas, presidente da Petrobras Bolívia.
"Agora vamos esperar a resposta do governo boliviano."
O prazo dado pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, recordou Freitas, vence nesta quinta-feira.
O governo boliviano deverá responder se aceita o preço pedido pela Petrobras pela venda total das duas refinarias que comprou nos anos noventa.
'Expropriação'
Com apoio do presidente Lula, Gabrielli, o ministro brasileiro das Minas e Energia, Silas Rondeau, e o Itamaraty reagiram ao decreto de Morales, dizendo tratar-se de uma "expropriação" do fluxo de caixa das refinarias.
A previsão é de que o ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, entregue a proposta da Petrobras ao presidente Morales ainda nesta quarta-feira.
A empresa brasileira, dona de duas das seis principais refinarias da Bolívia, teria reduzido sua oferta pelas duas unidades de refino, nas últimas horas.
A proposta teria caído dos US$ 136 milhões, informados na semana passada, para US$ 112 milhões, de acordo com os jornais bolivianos La Razón, de La Paz, e El Deber, de Santa Cruz de la Sierra.
No entanto, logo depois da reunião, Freitas disse que "a proposta não muda".
Assessores do ministro Villegas afirmaram, logo após a reunião, que a "nova proposta" da Petrobras era esperada, assim como a Bolívia também deverá melhorar seu preço por esta compra (agora de 100% das duas refinarias) nas próximas horas.
Não se descarta que Morales aumente "levemente" a proposta de US$ 60 milhões, com o argumento, para o público boliviano, de que as duas unidades são simbólicas na trajetória da nacionalização dos hidrocarbonetos no país.
As duas refinarias – Gualberto Villaroel, em Cochabamba, e Guillermo Elder, em Santa Cruz – levam nomes de defensores históricos deste processo.
Assessores de Morales recordaram, nesta quarta-feira, que ele é a favor do “diálogo” com o Brasil, como ele mesmo disse na véspera, mas que as refinarias são "muito importantes, em termos estratégicos" para fazer valer o decreto de nacionalização do petróleo e gás, assinado em maio do ano passado.
"Todos nós queremos preço justo pelas refinarias", disse um assessor de Morales, repetindo a palavra "justo" usada pelo presidente Lula ao se referir a esta venda.