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20 de abril, 2007 - 19h35 GMT (16h35 Brasília)

Marcia Carmo
De Buenos Aires

Bolívia reduz envio de gás a Brasil e Argentina

O governo da Bolívia diminuiu nesta sexta-feira o envio de gás ao Brasil e à Argentina devido à ocupação de três estações de petróleo e gás por manifestantes no município de Gran Chaco, no Departamento (Estado) de Tarija, sul do país.

Segundo o ministro boliviano do Planejamento e Desenvolvimento, Gabriel Loza, a redução do envio de gás para o Brasil foi dos atuais 24,6 milhões de metros cúbicos diários para 24 milhões.

Loza disse que a "ocupação” dos campos e estações de petróleo de Yacuíba, Villamontes e Caraparí "impede" a normalidade das atividades nestes locais.

O ministro também afirmou, de acordo com uma rádio de La Paz, que suspenderá completamente o abastecimento a Cuiabá, que costuma receber, por dia, 2,2 milhões de metros cúbicos.

Mas um representante da empresa estatal YPFB disse, citando fontes oficiais, que a suspensão no envio de gás à capital matogrossense não será completa.

Petrobras

Loza destacou ainda que o campo San Alberto, da Petrobras, vai parar de produzir a partir deste domingo.

As instalações da empresa brasileira foram ocupadas pelos manifestantes entre a noite de quinta-feira e a madrugada desta sexta-feira, depois que soldados do Exército liberaram as entradas "para evitar confrontos", segundo fontes oficiais citadas pela imprensa boliviana.

Estima-se que cerca de mil manifestantes "tomaram o controle" do San Alberto, que representa um dos maiores investimentos da Petrobras na Bolívia.

Autoridades do governo boliviano dizem que o envio de gás ao Brasil a partir deste campo está normal, mas ainda há temores de que os líderes do protesto suspendam o abastecimento.

Além do campo San Alberto, duas fábricas da Transredes, em Pocitos e Yacuíba, estão ocupadas desde terça-feira pelos manifestantes bolivianos.

O protesto ocorre devido a uma disputa entre moradores de Gran Chaco e da cidade de O'Connor, em Tarija, que brigam pelo controle sobre a jazida Margarita, no limite entre os dois municípios, e que rende cerca de US$ 40 milhões anuais – atualmente, para O'Connor.

A queda de braço já deixou dois manifestantes mortos.

Aniversário

A decisão de diminiuir a exportação de gás foi tomada pelo governo boliviano a dez dias do aniversário de um ano do anúncio da nacionalização do setor de petróleo e gás do país.

Fontes oficiais disseram que o presidente Evo Morales deve fazer "importantes anúncios" por ocasião da data, no próximo dia 1° de maio.

Na Petrobras, teme-se que o governo boliviano, atendendo o decreto de nacionalização, tome o controle das suas duas refinarias no país sem pagar por elas o preço internacional de mercado.

Em uma reunião na semana passada, na Venezuela, o presidente boliviano, Evo Morales, teria tido uma dura conversa com o presidente Lula sobre a nacionalização das refinarias.

Morales, porém, disse à Agência Boliviana de Informação (ABI) que não tem "diferenças" com o colega brasileiro.