Marcia Carmo De Buenos Aires

	Moradores protestam em disputa por controle de campos de gás

Nesta quarta-feira, o ministro da Defesa da Bolívia, Walker San Miguel, informou que, na noite de terça-feira, Derman Ruiz, de 37 anos, morreu depois de ter sido baleado na perna, em meio aos confrontos entre moradores, soldados e policiais.

A disputa entre as províncias (municípios) do Gran Chaco e de O’Connor pelo controle do campo de gás chamado de Margarita, um dos mais ricos da Bolívia, tem levado setores bolivianos a enfrentarem-se a pedradas e paus.

No fim do semana, soldados do Exército chegaram ao local e um deles, de acordo com informações oficiais, está “seqüestrado” pelos manifestantes.

Policiais já protegiam campos de gás e sedes de algumas petroleiras desde a semana passada.

Apelo

Nesta quarta-feira, as informações sobre o aumento da violência levaram o presidente da Bolívia, Evo Morales, a pedir calma aos moradores da região, uma das principais produtoras de gás do país.

“Peço aos companheiros desta região que não se enfrentem, seja por problemas internos ou por dinheiro. Peço que pacifiquem a área”, apelou.

Morales também responsabilizou o governador de Tarija, Mario Cossio, pelos enfrentamentos de bolivianos contra bolivianos.

Segundo ele, a solução para um conflito entre dois municípios que disputam a “jurisdição” de um “grande campo gasífero" é "responsabilidade da autoridade regional”.

Comissão

Na tentativa de solucionar a disputa, numa das bacias de gás que fornecem o produto à Argentina, por exemplo, foi formada uma comissão negociadora, que será liderada pelo vice-presidente do país, Alvaro García Linera.

Ele deverá desembarcar na sexta-feira em Tarija, mas, de acordo com a Agência Boliviana de Informação (ABI), as discussões serão realizadas em outro Estado, Potosí, já que o governo central não confia no governador de Tarija.

Até o momento, o campo Margarita pertence ao município de O´Connor, mas a definição por seu futuro dependerá das próximas discussões.

Essa base gasífera é uma das mais ricas da Bolívia, com reservas estimadas em 15 trilhões de metro cúbicos de gás, e é explorada pela empresa Repsol-YPF, de acordo com a imprensa boliviana.

A queda de braço entre os moradores ocorre porque só este campo gera cerca de US$ 40 milhões em impostos e outros benefícios, pagos pelo setor privado ao município.