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Atualizado às: 04 de dezembro, 2006 - 12h01 GMT (10h01 Brasília)
 
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Preconceito e emprego são desafios para jovens com HIV
 

 
 
Daniela
Daniela nasceu com o HIV e sonha em ser DJ
O Brasil tem hoje a primeira geração de adolescentes que nasceram com o HIV e que sobreviveram principalmente graças ao tratamento com antiretrovirais, que é gratuito no país.

Para especialistas, esse jovens hoje praticamente levam uma vida normal e enfrentam os dramas típicos da idade: a iniciação sexual, as crises de auto-estima e a indefinição do futuro profissional, por exemplo.

É o caso de Daniela*, de 15 anos, que mora na zona norte de São Paulo com a avó. Os pais eram usuários de drogas injetáveis, mas só descobriram que estavam contaminados depois que ela nasceu.

“Eu tomo 17 comprimidos por dia e me cuido bastante, porque tenho mais risco de ficar doente. Vou ao médico todo mês. Mas, fora isso, não faz diferença para mim ter o HIV. Não sou diferente dos outros”, conta.

Aluna do 1º ano do ensino médio, Daniela gosta de ouvir música, bater papo com os amigos pela internet e sair para dançar. “Meu sonho é ser DJ, porque eu adoro me juntar com a turminha e inventar uns passos.”

A maioria dos amigos, no entanto, não sabe que ela tem o vírus. “As pessoas ainda têm muito preconceito, então não dá para confiar. Uma vez fiquei com um menino em um baile, mas uma garota que me conhecia desde pequena contou do meu problema para ele. Acho que a gente não namorou por isso. Mas ele continuou me tratando normalmente e nossa amizade continua até hoje.”

Trabalho

Além do preconceito e da insegurança nos relacionamentos, outro grande desafio para o adolescente portador do HIV é a perspectiva de inserção no mercado de trabalho.

A exigência de exames clínicos para se detectar o vírus é proibida, mas muitas empresas desrespeitam a lei e rejeitam o candidato soropositivo.

 O jovem com HIV tem o direito de aspirar a um futuro. Afinal, ele batalhou a vida inteira para estar vivo.
 
Marinella della Negra, infectologista do Instituto Emílio Ribas

“Infelizmente, o Brasil é um país discriminatório no ambiente de trabalho. E o jovem portador do vírus da Aids enfrenta os mesmos obstáculos que negros ou pessoas de origem humilde”, afirma Pedro Américo Furtado de Oliveira, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Essas pessoas têm que ter uma estrutura emocional muito consolidada para enfrentar essa situação.”

Com o objetivo de aumentar a auto-estima desses adolescentes, em outubro, ONGs de todo o Brasil realizaram o primeiro encontro nacional de jovens soropositivos.

“Foi uma iniciativa fundamental para eles perceberem que não estão sozinhos, para conhecerem seus direitos e para, juntos, se fortalecerem”, diz Elisabeth Bahia, diretora no Brasil da ONG suíça FXB.

Mas para Marinella della Negra, infectologista do Instituto Emílio Ribas e presidente da Associação de Apoio à Criança Portadora do HIV (AACPHIV), ainda é necessária uma ação mais efetiva na conscientização dos empregadores.

“Eles têm que entender que esse jovem é produtivo e disciplinado. E que ele tem o direito de aspirar a um futuro. Afinal, ele batalhou a vida inteira para estar vivo”, afirma.

“Como todo jovem dessa idade, o portador do HIV também é contestador. Por isso, muitos questionam seu tratamento. E a maneira de ele não abandonar os remédios é fazer ele perceber que tem perspectiva”, diz Della Negra.

Informação

Jovens portadores do HIV também se mostram preocupados em informar os outros sobre a doença.

“Sempre falo para os meus amigos tomarem cuidado, usarem camisinha, não se meterem com drogas”, conta Roberto*, de 15 anos, que mora no interior de São Paulo com os pais, também soropostivos, e dois irmãos que não têm o vírus.

Segundo o Programa Nacional DST/Aids, a taxa de transmissão de mãe para filho caiu em 51,5% entre 1996 e 2005, quando 530 casos foram registrados.

No entanto, a contaminação do HIV através de relações sexuais e uso de drogas injetáveis é apontada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) como uma das grandes ameaças ao adolescente no Brasil, no relatório "Situação Mundial da Infância", de 2005.

*Os nomes dos entrevistados foram modificados para proteger sua identidade.

 
 
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