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Atualizado às: 27 de julho, 2006 - 07h33 GMT (04h33 Brasília)
 
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Violência afeta saúde mental de libaneses
 

 
 
Heba Ossman
Heba Ossman: Trauma desta guerra será pior do que o da anterior
Médicos que tratam dos refugiados do conflito no sul do Líbano alertam que a sociedade libanesa ainda vai sofrer muito e por muito tempo por conta do estresse e dos traumas provocados pela destruição de casas, perda de parentes e amigos e o medo constante de ataques a que muitos estão sendo submetidos.

“O estresse pós-traumático provocado pela guerra civil libanesa (1975-1991) é enorme e acho que o desta guerra vai ser ainda pior porque o Líbano poucas vezes viu um grau tão alto de violência”, diz a especialista em medicina de família da Universidade Americana de Beirute (UAB), Heba Ossman.

Estresse pós-traumático é um síndrome que acomete pessoas que passam por experiências dolorosas ou negativas muito fortes. Os sintomas podem ser dos mais variados – depressão, falta de sono, crises nervosas, doenças psicossomáticas etc – e, em muitos casos, as pessoas acometidas não percebem a relação entre o que estão sentindo e o trauma sofrido.

Ossman faz parte de um grupo de médicos voluntários que roda as escolas de Beirute para atender refugiados de outras partes da cidade e do país que têm que viver de improviso nestes lugares. Suas casas foram destruídas ou correm risco de ser por causa de ataques.

Sintomas

Ossman diz que este conflito ainda é muito recente – nem terminou - para que já se possa falar em estresse pós-traumático, mas afirma que, nas visitas que faz a pacientes refugiados, já estão muito claros os danos mentais provocados pela violência.

“Quase todas estas pessoas apresentam quadros de exaustão, fatiga e ansiedade. São sintomas que mostram danos mentais que não vão ser resolvidos tão cedo, mesmo que o conflito parasse agora”, diz a médica.

Idealmente esses problemas deveriam receber a atenção do médico que está tratando das doenças físicas mais evidentes e, em casos mais graves, o paciente precisa ser encaminhado para tratamento psicológico ou psiquiátrico.

“Mas isso não é algo que consigamos fazer em situações como essa. O melhor que podemos fazer por estes refugiados é tentar fazer com que as doenças que eles já tenham continuem sendo tratadas, e tomar cuidado para que novos problemas não apareçam”, lamenta a médica.

Os refugiados que têm que viver nas escolas de Beirute estão, na grande maioria, morando em condições das mais duras. O calor no verão é grande e, em geral, há apenas uns poucos ventiladores para tentar refrescar o ambiente.

Os alojamentos em salas de aula lotadas também favorecem o aparecimento e a transmissão de problemas de pele e outras doenças infecto-contagiosas. A falta de água e mesmo de banheiros para todos também dificulta a higiene dos refugiados, com previsíveis conseqüências sobre a saúde.

E tudo isso junto só piora o trauma de quem já teve que sair de casa fugindo de bombardeios, muitas vezes anunciados pelas forças israelenses através de panfletos lançados do ar alertando a população civil para sair da área antes que o ataque comece.

Cidade

Embora o impacto do conflito sobre a saúde mental seja mais claro sobre aquelas pessoas mais diretamente afetadas por ele – os refugiados e vítimas diretas de ataques – a violência também traumatiza aqueles que não a sofreram na própria pele.

“Este impacto é muito claro na maneira como as pesosas começam a dirigir, passam a fumar muito mais e brigam por qualquer motivo”, diz o médico Faisal El-Kak, coordenador do grupo de médicos voluntários da UAB.

El-Kak diz que entre seus paciente são comuns agora “ataques de pânico, estresse e ansiedade agudos, dificuldade para dormir” e outros sinais de que o conflito está prejudicando o equilíbrio mental dos libaneses.

“No caso dos refugiados isso é tudo relacionado ao estresse agudo que estas pessoas sofrem ao serem expulsas de suas casas”, diz El-Kak.

Sem dormir

Ghasan Talib é um dos refugiados vivendo na escola al-Huda em Beirute, que recebe semanalmente a visita dos voluntários da AUB.

Nesta terça-feira, ele só foi ver o médico porque estava com dor de garganta. Um problema simples mas – ele acredita – agravado pelo número maior de cigarros que vem fumando desde que teve que sair de sua casa no sul da capital libanesa.

“Estou fumando três maços de cigarro por dia”, conta.

Ele diz que até agora sua casa continua de pé, pelo menos desde a última vez em que ele pôde visitá-la, no fim-de-semana.

“Mas tudo em volta está destruído. Se Deus quiser vou poder voltar logo para lá”, diz ele.

O refugiado conta que ultimamente não anda dormindo nada.

“Deve ser de muita felicidade”, diz com uma risada sarcástica.

 
 
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