03 de maio, 2006 - 10h42 GMT (07h42 Brasília)
O jornal espanhol ABC afirma em editorial que a decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, de nacionalizar as reservas de gás do país são "deploráveis e inquietantes".
De acordo com o diário, quando se conhecerem os detalhes de leis "anunciadas tão demagogicamente" pelo líder boliviano será necessário que aqueles que foram "expoliados recorram à Justiça internacional com o apoio da União Européia, da Espanha e do Brasil".
De acordo com o jornal, a empresa espanhola-argentina Repsol YPF – que fez investimentos bilionários no país andino – "precisa receber todo o apoio do governo espanhol para resolver seu problema com a Bolívia, de modo a exigir garantias e responsabilidades".
O diário britânico Guardian afirma que as empresas britânicas British Gas e British Petroleum, que contam com investimentos na Bolívia, tentaram minimizar o impacto da nacionalização.
Mas um analista da indústria petrolífera afirmou ao jornal que ambas as companhias estão "furiosas com a decisão, mas se sentem impotentes para tomar qualquer medida neste momento".
'Petulância ultrapassada'
É esse o título de um editorial do jornal britânico The Times, que afirma que a decisão do líder boliviano de "enviar tropas de choque armadas com submetralhadoras para vigiar instalações de petróleo e de gás da Bolívia é um gesto infantil e que visa chamar atenção".
O diário afirma ainda que "muitos bolivianos poderão vibrar com esta petulante manifestação de nacionalismo".
Mas acrescenta que a maioria "irá descobrir que señor Morales nada mais fez do que enfurecer os seus vizinhos, minar a confiança estrangeira, debilitar uma indústria vital e atrasar o desenvolvimento da Bolívia em pelo menos dez anos".
'Os três amigos'
O diário britânico The Daily Telegraph afirma que as companhias internacionais petrolíferas após o terceiro entre os "três amigos" ter anunciado a nacionalização das reservas de gás e petróleo do país.
O "terceiro amigo" ao qual o jornal se refere é Evo Morales. Os outros dois são o presidente de Cuba, Fidel Castro, e o líder venezuelano, Hugo Chávez, que estão, de acordo com a publicação, "tentando reduzir a influência americana na região".
O jornal comenta que Chávez está tentando espalhar a sua revolução, mas acrescenta que ele não está conseguindo fazer com que Brasil, Colômbia e Argentina adiram ao movimento.