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Corpo de Jean chega à sua cidade natal para velório | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
O corpo de Jean Charles de Menezes, o eletricista brasileiro morto por engano pela polícia britânica em uma caçada a suspeitos de terrorismo, chegou no início da tarde desta quinta-feira à sua cidade natal, Gonzaga (MG). Coberto por uma bandeira do Brasil, o caixão foi levado em cortejo sobre um caminhão do corpo de bombeiros desde Governador Valadares (MG), um trajeto de cerca de 90 km. O corpo chegou de Londres na quinta-feira pela manhã ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Três dos quatro primos do eletricista que moram na Grã-Bretanha chegaram ao Brasil no mesmo vôo. Logo depois de chegar a São Paulo, o caixão foi levado em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para Governador Valadares. O corpo de Jean Charles já está na igreja matriz de Gonzaga para o velório. O enterro será às 15h desta sexta-feira, dia que será feriado no município de 5,3 mil habitantes. Ao desembarcar em Guarulhos, antes de trocar de avião, os familiares de Menezes disseram esperar que a população da região mineira compareça ao velório e ao enterro, dando força à família. Para os parentes, Jean será enterrado "como um herói". Eles agradeceram a ajuda e mensagens de apoio do governo de da população brasileira. Os familiares destacaram o papel da imprensa que, em sua opinião, "mostrou o absurdo" que foi a morte do brasileiro na estação Stockwell de metrô, no sul da capital da Grã-Bretanha. Cônsul britânico Entre um vôo e outro, os familiares de Jean conversaram com o cônsul britânico em São Paulo, Andrew Henderson. O cônsul disse ter expressado condolências à família de Jean e que lamenta profundamente que ele tenha morrido em Londres. Henderson destacou que há muitos brasileiros vivendo em Londres de maneira pacífica. E descreveu a morte de Jean como uma tragédia que chocou a todos, não só no Brasil como também na Inglaterra. O cônsul britânico reafirmou ainda que uma investigação já foi iniciada em Londres sobre as circunstâncias da morte. Circuito de TV Na quarta-feira, primos de Jean Charles disseram ter solicitado a divulgação de imagens do circuito interno de TV da estação de metrô feitas quando ele foi morto. Durante uma coletiva na capital britânica, Vivien Figueiredo, uma das primas de Jean, disse acreditar que a fita vai acabar com as dúvidas que pairam sobre as circunstâncias da morte de Menezes.
"Sabemos que existe toda uma burocracia, leva um tempo, mas queremos ver o que aconteceu", disse outra prima de Jean, Patrícia da Silva Armani, que também falou na coletiva. "Queremos que o nome e o rosto do policial que matou o Jean fiquem públicos para o mundo todo ver", completou. Catraca e jaqueta Além de Vivien e Patrícia, falaram à imprensa os primos de Menezes, Alex Alves e Alessandro Pereira, e um amigo da família, Erinaldo da Silva. Vivien disse que a polícia garantiu à sua família que Jean não teria pulado a catraca da estação de metrô de Stockwell antes de ser morto pela polícia na última sexta-feira. "A polícia disse que ele usou um bilhete normal para entrar no metrô", revelou. Além disso, a prima disse que Jean estaria usando apenas uma jaqueta jeans e não um casaco acolchoado, como foi sugerido por testemunhas do incidente. Relatos anteriores diziam que Menezes estaria usando uma jaqueta grossa que poderia esconder uma bomba. Lula Em Brasília, o Palácio do Planalto informou que o presidente Lula telefonou na manhã de quarta-feira para a família de Jean Charles. O presidente conversou com o pai e o irmão do brasileiro morto em Londres para apresentar suas condolências e informar as providências adotadas pelo governo para o transporte do corpo. No telefonema à família de Jean Charles, Lula teria dito que o governo brasileiro "expressou às autoridades inglesas sua estranheza" com as circunstâncias da morte. De acordo com o Planalto, o presidente também enfatizou a importância de uma indenização para os familiares de Jean Charles e informou que o governo britânico pediu "formalmente" desculpas à família e ao Brasil. *Colaborou Rodrigo Durão Coelho |
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