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Análise: Chirac tenta unir França depois de referendo | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
O presidente francês, Jacques Chirac, teve dois dias para refletir sobre como responder à raiva demonstrada pelos franceses nas urnas, no referendo de domingo, quando rejeitaram a proposta de Constituição européia. Na terça-feira à noite, ele disse à nação que entendeu o recado. Chirac prometeu um novo governo de união nacional, que vai trabalhar para diminuir as divisões reveladas no resultado de domingo, em que cerca de 56% dos eleitores votaram contra a adoção do documento. "A votação não significa a rejeição do ideal europeu", disse ele. "É um pedido para ser escutado, um pedido por ação, por resultados." "Expectativas fortes, diversas e algumas vezes contraditórias foram expressas, juntamente a um sentimento de insatisfação e insegurança em relação ao mundo atual", completou. Povo desencantado Com isso, ele prometeu rever as reformas propostas na França que, muitos temem, foram baseadas nos modelos britânico e americano de competição e livre mercado. Mas Chirac não mencionou a Constituição Européia quando disse que vai buscar consenso para cada novo passo dado pelo governo, e que o combate ao desemprego - atualmente na casa dos 10% - é a prioridade máxima. "Para isso é necessário um esforço nacional", disse Chirac no Palácio de Champs-Elysées. Chirac também garantiu que o modelo de previdência social vai ser mantido, apesar do medo de muitos franceses de perder os benefícios. "Quero que este esforço seja feito dentro do modelo de previdência social francês", prometeu o presidente. "Este não é um modelo anglo-saxão, mas também não é sinônimo de inatividade. É um modelo fundado na iniciativa e dinamismo de indivíduos, no espírito de comunidade e no diálogo social." Exigências conflitantes O homem com a tarefa de liderar este diálogo é o fiel protegido de Chirac, o novo primeiro-ministro Dominique de Villepin. O diplomata nunca foi eleito para um cargo público, mas ocupou o Ministério do Exterior e do Interior. Ele agora enfrenta o desafio que derrotou vários de seus predecessores: realizar reformas em um país resistente a mudanças. Este é um moneto crucial para a França. Tendo tirado da rota todo o projeto europeu, os próximos meses vão mostrar se o novo governo sob Villepin pode devolver calma à França, ou se ele também vai ser engolido pelas exigências conflitantes dos franceses. |
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