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Protocolo de Kyoto é o único caminho disponível, diz ex-secretário britânico | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
A seguir, John Gummer, ex-secretário britânico do Meio Ambiente, argumenta que o homem está poluindo demais o planeta e provocando o aquecimento. Segundo ele, o protocolo de Kyoto não é o ideal, mas já é um primeiro passo para lidar com o problema: "A mudança climática não é mais um tema que aceite argumentos contrários. Não há registros históricos de outra época em que a temperatura mundial tenha aumentado tanto e tão rapidamente. Nem mesmo a investigação sobre os 400 mil anos da Era do Gelo revela algo paralelo. Estamos, portanto, diante de um território desconhecido. A humanidade tem jogado no ar uma quantidade sem precedentes de sujeira desde o começo da revolução industrial. Planeta Nós temos um planeta que suporta um vasto número de pessoas, maior que em qualquer outra época. E esse número ainda está crescendo rapidamente. Cada criança tem expectativa de vida significantemente maior que a dos pais. Esse aumento da expectativa, por mais que pareça limitado aos ricos, está similarmente baseado em consumo maior, que significa mais emissão de gases poluentes. O que já foi feito não tem como ser desfeito. Já mudamos nosso clima significantemente e há consideravelmente mais mudanças a caminho, desencadeadas pelos gases que nós já liberamos. O que nós podemos fazer é restringir o crescimento dessas mudanças para que possamos lidar com elas. Se permitirmos que o aquecimento global cresça de forma irrestrita, então a vida no planeta vai se tornar cada vez mais impossível já que isso ameaça a corrente do Golfo e outros elementos cruciais que sustentam a atmosfera benigna na terra. Felizmente, o mundo está acordando. Neste mês, Estados americanos começaram a processar indústrias que se recusam a levar o aquecimento global a sério. O Chartered Institute of Insurance está alertando a todos os membros sobre a realidade atual de mudança climática e o impacto sobre o risco nos seguros. O otimismo cresce com a informação de que a Rússia ratificou o protocolo de Kyoto, o que dá a ele legitimidade para ser imposto aos países, mesmo sem a assinatura dos Estados Unidos. Catalisador Então, por que Kyoto? Ainda não é nada que possa ser chamado de suficiente. A meta para redução na emissão de gases poluentes é menor que o necessário, mas é o primeiro passo e esse é sempre o mais difícil. Já é certo que Kyoto significa que uma das duas maiores potências comerciais do mundo - a União Européia - já fez grandes mudanças para alcançar a meta de redução. A probabilidade maior é que, por volta de 2012, os quinze países-membros mais antigos vão cortar emissões de gases em torno de 8%. Se levarmos em conta a rapidez com que a emissão de gases aumenta, essa é uma conquista memorável e outro exemplo de grande valor da União Européia. A desvinculação do crescimento econômico do crescimento da emissão de gases é crucial e os últimos números mostram que ela foi feita. Mesmo sem ter ainda entrado em vigor, Kyoto foi o catalisador dessa mudança. Países ricos Os efeitos dele, mesmo nos Estados Unidos, têm sido dignos de nota. Empresas americanas, e mesmo muitos dos Estados, estão respondendo ao desafio mesmo que o presidente Bush tenha se comportado com tamanho e cruel descaso. Sem Kyoto, não haveria um apoio tão grande, um programa tão vastamente aceito e uma base tão efetiva para que os trabalhos continuem. Kyoto foi um acordo entre países ricos. Apenas assim poderíamos esperar uma resposta global dos países em desenvolvimento. Afinal de contas, eram os países ricos que causavam a maioria dos problemas. Além disso, a China já está se desenvolvendo de uma maneira muito mais limpa que o previsto. Os mecanismos de Kyoto que recompensam a transferência de tecnologia limpa estão, certamente, começando a ter algum efeito não apenas através de instituições internacionais como o Banco Mundial. Estados Unidos Os Estados Unidos, é claro, ainda têm a chave para o problema. Com 4% da população mundial, o país é responsável por 25% da poluição. Mas eles dependem do comércio mundial e, já que o resto do mundo faz decisões de investimentos baseadas no protocolo de Kyoto, empresas americanas estão perdendo para fornecedores europeus que aderiram ao sistema. Não é de se espantar que as companhias americanas estejam pressionando Bush para uma mudança. É claro que todo presidente americano precisa encontrar o caminho para voltar atrás, se ele estiver, realmente, preparando para aderir. Vai haver novos programas com nomes diferentes. Mas Kyoto é o único jogo disponível e ele certamente irá moldar e salvar o futuro do nosso planeta." |
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