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10 de dezembro, 2006 - 22h43 GMT (20h43 Brasília)

Chile não dará honras de Estado a Pinochet

O país que Augusto Pinochet controlou por 17 anos não dará ao ex-general um funeral com honras de Estado, anunciou neste domingo o governo do Chile.

Em vez disso, o general morto receberá honras de comandante do Exército, afirmou um porta-voz oficial a agências de notícia em Santiago.

Segundo a Reuters, o governo chileno, uma coalizão de centro-esquerda, será representado na missa fúnebre pela ministra da Defesa, Vivianne Blanlot, e não pela presidente, Michelle Bachelet.

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O tema do funeral de Pinochet suscita opiniões apaixonadas no Chile desde que a saúde do ex-general piorou.

Na campanha presidencial do ano passado, a então candidata socialista, Michelle Bachelet, disse que se sentiria “violentada” se tivesse que liderar uma homenagem no sepultamento de Pinochet.

O pai dela, o general Alberto Bachelet, trabalhou para o governo do presidente Salvador Allende – derrubado por Pinochet em 1973 – e morreu na prisão após ter sido torturado. Ela e a mãe, Angela Jeria, também foram presas políticas durante os anos de Pinochet.

Na última segunda-feira, quando o estado de saúde do ex-general atingiu um ponto crítico, simpatizantes e críticos de Pinochet chegaram a trocar chutes e socos perto do Hospital Militar de Santiago, onde ele se internou.

Manifestações

Na Praça Itália, no centro de Santiago, milhares de pessoas se reuniram para celebrar a morte de Augusto Pinochet, disse o correspondente da BBC na capital Chilena, Jo Floto.

De acordo com o correspondente, a manifestação de esquerda foi espontânea, e criou uma “atmosfera de Carnaval” nos arredores da praça.

Mais tarde, no entanto, os críticos de Pinochet entraram em confronto com a Polícia.

De acordo com a agência AFP, cerca de mil pessoas tentavam chegar em passeata ao palácio presidencial chileno pela avenida Alameda, a principal do centro de Santiago.

A polícia tentou conter a passeata e lançou bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água contra os manifestantes, que responderam lançando pedras e garrafas contra os policiais.

Em uma manifestação menor, distante alguns quilómetros da principal, simpatizantes de Pinochet homenagearam o ex-general, que eles consideram um “salvador” do Chile, afirmou o correspondente.

A partir desta segunda-feira, o Exército chileno começará a preparar o recinto principal da Academia Militar Bernardo O’Higgins para as missas e orações que serão dedicadas a Pinochet, afirmou em sua página na Internet o jornal chileno La Nación.

Segundo o jornal, os ritos fúnebres militares terão início na terça-feira, no pátio da Academia militar.

O militar comandou o golpe militar que derrubou o então presidente eleito Salvador Allende, em 1973. Mais de 3 mil pessoas foram mortas durante o seu governo, que só terminou em 1990.