Edward Kennedy exigiu a publicação do relatório

Os senadores democratas afirmam que os trechos publicados na terça-feira não dão informação suficiente.

“O povo americano merece saber a história completa e não os trechos selecionados pela administração Bush”, disse o senador Edward Kennedy, reverberando a opinião de outros importantes líderes do partido, como Hillary Clinton e Carl Levin.

Os democratas também solicitaram um encontro a portas fechadas com o diretor da inteligência americana, John Negroponte.

Riscos

O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, defendeu a publicação parcial do relatório, dizendo que a revelação da totalidade do texto colocaria em risco a vida dos agentes envolvidos na coleta das informações.

Snow também disse que a publicação colocariam em risco a capacidade americana de trabalhar com governos estrangeiros e de manter segredos de estado.

Trechos do relatório foram tornados públicos pela Casa Branca nesta terça-feira depois de terem sido vazados para a imprensa e publicados no jornal The New York Times.

Partes do documento, elaborado pelas 16 unidades de inteligência do serviço secreto americano, revelam que o conflito no Iraque teria aumentado o terrorismo no mundo.

Segundo o documento, o conflito no Iraque se tornou uma questão de honra para militantes islâmicos ao redor do mundo e vem "ajudando a recrutar seguidores para o movimento jihadista global", além de formar uma nova geração de terroristas.

Trechos escolhidos

Apesar do conteúdo do documento ser negativo em relação aos efeitos da guerra no Iraque, correspondentes dizem que os trechos publicados pela Casa Branca são parcialmente favoráveis à administração Bush, pois afirmam que a vitória militar no Oriente Médio seria uma grande derrota para o inimigo.

“Eu disse sempre que possível... que o combate fez do mundo um lugar mais perigoso”, disse.

O relatório compilado pela National Intelligence Estimate (NIE) reúne os pareceres de todas as 16 agências de inteligência americanas.

Segundo um correspondente da BBC em Washington, Justin Webb, os excertos divulgados pela Casa Branca dão munição para os dois lados no debate sobre a Guerra no Iraque.

Dois relatórios

Os democratas solicitaram uma sessão secreta da Câmara dos Representantes para dicustir o relatório, mas o pedido não foi aceito.

A congressista Jane Harman disse ainda que existe um segundo relatório da NIE, que trata exclusivamente do Iraque.

“Até onde eu sei, se trata de um retrato bastante sombrio”, ela disse, “e por causa disso, me disseram que só teremos acesso a ele após as eleições de novembro”.

O documento também sugere que a segurança dos Estados Unidos teria diminuído depois do início da Guerra do Iraque.

O vazamento do relatório deixou o presidente George W. Bush irritado. Ele chamou os seus críticos de “ingênuos” porque, segundo o presidente, “é um erro achar que uma ofensiva contra pessoas que querem nos fazer mal nos deixa menos seguros”.

Bush acusou os responsáveis pelo vazamento das informações de tentarem confundir o eleitor americano na véspera das eleições legislativas de novembro.

Nesta semana, o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, declarou à rede de televisão CNN que se opôs à invasão do Iraque por temer que a manobra encorajasse o terrorismo, como ele revela em seu novo livro.