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16 de março, 2006 - 15h27 GMT (12h27 Brasília)

Premiê do Iraque admite desistir de indicação

O primeiro-ministro do Iraque, Ibrahim Jaafari, disse estar disposto a retirar sua indicação para a chefia do novo governo se o povo iraquiano assim o quiser.

"Se o meu povo pedir que me afaste, farei isso", disse ele, logo depois de comparecer à sessão inaugural do Parlamento.

A indicação de Jaafari, feita por partidos xiitas, tem sido uma obstáculo para a formação do novo gabinete.

Nenhum dos partidos não-xiitas no Parlamento quer ver Jaafari como chefe de governo.

Crítica

Jaafari tem sido criticado por não fazer mais para combater a violência no Iraque.

O novo Parlamento do Iraque realizou sua primeira sessão nesta quinta-feira, três meses depois das eleições gerais no país.

A adiada sessão, no entanto, durou apenas 30 minutos porque não houve acordo sobre quem deveria assumir a presidência permanente do legislativo.

Os partidos também permanecem divididos sobre a composição do governo do país e medidas para conter a violência.

Os trabalhos foram abertos três dias antes do prazo estabelecido. Mas este prazo já era resultado do adiamento do início dos trabalhos do órgão, devido à falta de acordo a respeito do preenchimento de altos cargos políticos.

Violência crescente

Nesta quinta-feira, pelo menos uma pessoa morreu em confrontos em Halabja. Testemunhas contam que um tiroteio começou durante uma manifestação para lembrar o ataque com gás à cidade majoritariamente curda, 18 anos atrás.

Segundo a agência de notícias Associated Press, cerca de 7 mil pessoas, incluindo parentes das cerca de 5 mil vítimas do ataque, atearam fogo a um memorial e atacaram prédios públicos.

Apenas na quarta-feira, pelo menos 18 pessoas morreram em diferentes incidentes nesta quarta-feira nas cidades Balad, Baquba e Bagdá, na região central do Iraque, inclusive 11 em uma blitz de soldados americanos.

Com o impasse no Parlamento, os iraquianos ainda devem ter que esperar pelo menos semanas antes de ver a conclusão das negociações para a formação de um novo governo, diz o repórter da BBC Jim Muir, em Bagdá.

Analistas iraquianos e internacionais acreditam que um governo de união nacional é a única alternativa capaz de evitar que a desordem civil piore ainda mais.