26 de outubro, 2005 - 20h41 GMT (17h41 Brasília)
Advogados que representam Saddam Hussein disseram nesta quarta-feira que estão suspendendo qualquer contato com o tribunal que julga o ex-líder iraquiano, alegando problemas de segurança.
O grupo diz que os contatos serão congelados até que o esquema de segurança melhore.
A decisão ocorre após o seqüestro e morte, na semana passada, de Sadoun Nasouaf al-Janabi, advogado representando um dos réus julgados com Saddam Hussein.
O anúncio também levanta novas questões sobre se o ex-presidente, cujo julgamento começou na semana passada, terá uma audiência justa.
Saddam Hussein está sendo julgado por crimes contra a humanidade.
Mártir
"Nós, a equipe de defesa que agrupa mais de 2 mil advogados iraquianos, decidimos suspender completamente o relacionamento com o tribunal", diz um comunicado assinado pelo principal advogado de Saddam, Khalil Dulaimi.
O comunicado cita "a situação de segurança deteriorada e suas repercussões no trabalho dos advogados iraquianos e as ameaças contínuas contra suas vidas e suas famílias que foram demonstradas com o assassinato do mártir Sadoun Janabi".
Janabi foi seqüestrado por homens armados em seu escritório na capital iraquiana, Bagdá, na última quinta-feira à noite.
Na sexta-feira, seu corpo foi encontrado do lado de fora de uma mesquita da cidade, com um tiro na cabeça.
Janabi estava representando um dos co-réus de Saddam Hussein, o ex-juiz supremo Awad Hamed al-Bandar.
Saddam é acusado pelo assassinato de mais de 140 pessoas na cidade de maioria xiita Dujail após uma tentativa frustrada de assassiná-lo.
O ex-líder iraquianos e os outros acusados refutaram as acusações.
Congelamento
O julgamento foi adiado até 28 de novembro, mas os advogados de defesa estão pedindo por um congelamento completo nos procedimentos até que seus pedidos sejam aceitos.
Além de uma investigação independente sobre a morte de Janabi, os advogados também exigem que a equipe de defesa de Saddam e seus familiares recebam proteção, incluindo 15 guarda-costas cada um.
Eles também pediram permissão para carregar armas e para receber passes para atravessar por bloqueios iraquianos e americanos.
A segurança foi intensificada na corte após a abertura do julgamento de Saddam Hussein e outras sete pessoas no dia 19 de outubro.
Quatro dos cinco juízes e a maioria dos advogados de acusação ficaram no anonimato por razões de segurança.
Os nomes do principal juiz e do promotor-chefe foram os únicos revelados.
Mas as identidades da equipe de defesa não são um segredo, e o principal advogado de Saddam, Dulami, diz que muitos dos advogados foram ameaçados.