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16 de outubro, 2005 - 05h43 GMT (02h43 Brasília)

Manifestantes condenam reação dos EUA ao Katrina

Dezenas de milhares de pessoas tomaram parte em uma manifestação em Washington, nos Estados Unidos, para marcar os dez anos da Marcha do Um Milhão, promovida por pela comunidade afro-americana.

Segundo correspondentes da BBC, o número de manifestantes parece ter sido menor do que o da marcha de 1995.

Mas nem polícia nem os organizadores forneceram números ou estimativas de quantas pessoas exatamente participaram do protesto.

Muitos dos manifestantes afirmaram que o tratamento diferenciado aos negros americanos ficou claro depois da passagem do furacão Katrina, que devastou cidades de população predominantemente negra no sul dos Estados Unidos.

O líder do movimento Nação do Islã, Louis Farrakhan, disse aos manifestantes que o governo federal americano é culpado por não ter reagido mais rapidamente ao desastre.

"Creio que se as pessoas naqueles telhados tivessem cabelos loiros, olhos azuis e pele clara, alguma coisa teria sido feita em um tempo mais razoável. Nós acusamos os Estados Unidos de negligência criminosa", afirmou.

Marcha original

A Marcha do Um Milhão visava encorajar homens negros a melhorarem suas comunidades, e atraiu entre 600 mil e 1 milhão de pessoas.

Farrakhan, uma figura polêmica, que no passado fez comentários anti-semitas e homofóbicos, não repetiu alegações recentes de que os diques de Nova Orleans podem ter sido explodidos - e não destruídos pelo Katrina - em uma tentativa deliberada de destruir a cidade.

Líderes veteranos na defesa dos direitos civis, como Jesse Jackson, também participaram da manifestação em Washington.

"Não imitem a violência, o racismo, o anti-semitismo, o anti-arabismo, a censura aos homossexuais. Precisamos... de outros milhões para construir uma coalizão multicultural. Não precisamos lutar sozinhos contra a pobreza, a ganância e a guerra", afirmou.

O evento, que durou todo o sábado, teve entre os oradores artistas, ativistas e acadêmicos.