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12 de junho, 2005 - 04h13 GMT (01h13 Brasília)

Ativistas aprovam perdão a dívidas, mas cobram mais

Ativistas que lutam contra a pobreza no mundo deram boas-vindas cautelosas ao plano de alívio de dívidas dos países pobres divulgado neste sábado em Londres.

Os ministros da Economia dos países que fazem parte do G8 aprovaram o perdão de dívidas de 18 países, a maioria dos quais fica na África, que somam US$ 40 bilhões. A Bolívia também faz parte do grupo de países beneficiados.

O cantor Bob Geldof, que está organizando a série de shows Live 8, que visa chamar atenção para o problema da pobreza e pressionar o G8 a fazer algo a respeito, disse que o acordo é “uma vitória” e um “começo”.

Mas ele disse que o trabalho só estará acabado quando for obtido o “pacote completo: cancelamento das dívidas, duplicação da ajuda e o comércio justo”.

“Mas isso fará pouco para ajudar neste momento milhões de pessoas em 40 outros países que também precisam do alívio das dívidas.”

A Campanha Jubileu pelas Dívidas, baseada na Grã-Bretanha, admitiu que o acordo foi “bem mais longe” do que se esperava, mas afirmou que “ainda há muito trabalho a ser feito”.

Outros 20 beneficiados

A proposta divulgada neste sábado ainda precisa ser aprovada por todos os países-membros das organizações que são credoras dos países beneficiados.

Segundo o ministro britânico da Economia, Gordon Brown, as 18 nações beneficiadas terão suas dívidas canceladas com o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com o Banco Africano de Desenvolvimento.

Pela proposta, outros 20 países poderiam ser beneficiados com o perdão da dívida nos próximos 18 meses.

Eles precisam, no entanto, alcançar objetivos sobre boa governança, combate à corrupção e planos de desenvolvimento econômico.

O dinheiro teria de ser empregado em educação, saúde e iniciativas voltadas para o desenvolvimento.

Elogios

O governo de Zâmbia, que gasta 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no pagamento de dívidas, afirmou que vai empregar mais dinheiro a partir de agora em projetos sociais, saúde e educação.

Já o Quênia, que não será beneficiado pelo acordo de perdão da dívida, criticou o G-8.

De acordo com um porta-voz do governo queniano, caso as dívidas do país fossem canceladas, o Quênia poderia ajudar a retirar os países-vizinhos da pobreza.

O pagamento de dívidas do Quênia representa o triplo do que o país gasta com saúde.

Um assessor do presidente de Uganda, Yoweri Museveni, disse à BBC que já era tempo de os países ricos cumprirem suas promessas.

Já a ministra da Ciência e Economia de Gana, Christine Churcher, afirmou que caso a dívida seja cancelada seu país investirá o dinheiro em educação, saúde e fornecimento de água à população.

O G8 é formado pelos Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Canadá, Itália e Rússia.