01 de junho, 2005 - 13h09 GMT (10h09 Brasília)
O presidente francês, Jacques Chirac, assegurou a líderes dos países da União Européia que sua nação ainda está "profundamente comprometida" com uma Europa forte, apesar da vitória do "não" em referendo que decidiria o apoio da França à Constituição européia.
Em uma carta a outros chefes de Estado do bloco, datada de terça-feira, Chirac disse que os demais 24 países-membros deveriam manter o processo de ratificação da Constituição.
Ele também pediu para que os demais líderes europeus comecem a ponderar as conseqüências da votação francesa até um encontro de cúpula nos dias 16 e 17 de junho.
No documento, Chirac diz ainda que está ciente das implicações que o referendo na França vai trazer para o país dentro do bloco.
"Mas esse resultado não questiona, de maneira alguma, o envolvimento profundo da França com a construção da Europa. Posso garantir pessoalmente que a França vai manter sua posição no bloco e honrar seus compromissos", afirmou o presidente francês.
'Unidade nacional'
Em discurso em rede nacional de televisão, na noite de terça-feira, Chirac fez um apelo por "unidade nacional" ao anunciar oficialmente o novo governo do país.
Ele afirmou que vai ouvir à mensagem enviada pelo povo francês com o voto pelo "não" e disse que a França precisa de um novo dinamismo para conseguir alcançar seus desafios econômicos e sociais.
Cerca de 55% dos franceses que votaram no referendo do último domingo rejeitaram a Constituição.
Para entrar em vigor, o documento precisa ser ratificado pelos 25 países-membros da União Européia.
O resultado do referendo provocou uma crise interna no governo francês, que culminou com a renúncia do primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin.
Novo gabinete
O novo primeiro-ministro, Dominique de Villepin, deve anunciar ainda nesta quarta-feira o seu novo gabinete.
Espera-se que ele aponte o ex-ministro das Finanças Nicolas Sarkozy para o cargo de ministro do Interior, apesar da forte rivalidade política entre os dois.
A entrada de Sarkozy no novo governo foi uma decisão de Chirac. Ele, que é líder do partido UMP, do presidente, é visto como um dos favoritos para sucedê-lo nas eleições de 2007.
O presidente disse que o resultado do referendo não é uma rejeição ao ideal europeu, mas um pedido dos franceses para que sejam ouvidos.