22 de março, 2005 - 03h14 GMT (00h14 Brasília)
O Parlamento da Islândia concedeu a cidadania do país ao ex-campeão mundial de xadrez Bobby Fischer, que há mais de dez anos está foragido dos Estados Unidos.
Fischer, de 62 anos, está sendo detido neste momento no Japão. A Justiça americana quer que ele lhe seja entregue por ter violado sanções econômicas contra a então Iugoslávia, em 1992, ao jogar uma série de partidas de xadrez.
O Japão anunciou que não iria deportar Fischer aos Estados Unidos se ele recebesse a cidadania islandesa.
O americano Fischer se tornou uma celebridade mundial em 1972 ao derrotar, na disputa pelo título mundial, o então campeão Boris Spassky, terminando uma longa era de dominação soviética do esporte.
Guerra Fria
A série de partidas, descrita como “a partida de xadrez do século” por entusiastas, foi disputada naquele ano justamente na Islândia e foi aclamada pelos americanos, na época, como uma vitória no contexto da Guerra Fria.
Em 1992, Fischer concedeu a chance para Spassky ter a revanche.
Novamente o americano saiu vitorioso, mas desta vez foi condenado pelo governo dos Estados Unidos por ter violado as sanções vigentes contra a Iugoslávia.
Ele também alimentou a ira dos americanos ao conceder entrevistas esporádicas de rádio em que manifestava opiniões anti-semitas e até apoio aos ataques de 11 de setembro de 2001 contra Nova York e Washington.
Nos últimos três anos, Fischer viveu desapercebidamente no Japão, até mesmo viajando para o exterior em algumas oportunidades.
Mas em julho foi detido por supostamente estar tentando deixar o país usando um passaporte americano que havia sido invalidado.
No mês passado, o Parlamento islandês não aprovou a concessão da cidadania, mas apenas a concessão de direito de residência e um passaporte especial que o país emite para estrangeiros.
O governo japonês considerou a medida insuficiente.
Problemas
Nesta segunda-feira, porém, a cidadania acabou sendo aprovada por 40 a votos a 0, com 2 abstenções.
“Espero que agora ele pare de ficar maldizendo os americanos”, disse Saemundur Palsson, um dos principais partidários de Fishcer na Islândia.
“Isto já o colocou em muitos problemas.”
Enquanto esteve detido no Japão, Fischer noivou com Miyoko Watai, presidente da Asssociação Japonesa de Xadrez, mas as autoridades ainda estão analisando se concedem autorização para que os dois casem.