05 de janeiro, 2005 - 14h24 GMT (12h24 Brasília)
A Alemanha e a Grã-Bretanha anunciaram nesta quarta-feira que vão aumentar a ajuda às vítimas do maremoto no sul da Ásia em um valor que pode chegar perto de US$ 1 bilhão.
O chanceler Gerhard Schroeder anunciou que as doações do governo alemão vão passar de US$ 27 milhões para US$ 665 milhões (cerca de R$ 1,8 bilhão).
É o maior valor prometido por um governo, superando os US$ 500 milhões do Japão.
"O gabinete decidiu hoje (quarta-feira) entregar 500 milhões de euros, e para um período que não seja menor do que três anos nem maior do que cinco anos", disse o chanceler.
Minutos de silêncio
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse que a Grã-Bretanha aumentará suas doações de cerca de US$ 100 milhões para "centenas de milhões de libras".
"Minha estimativa é que nós acabaremos gastando provavelmente centenas de milhões de libras do governo", disse Blair em entrevista exclusiva à BBC.
Antes das declarações dos dois líderes, os países destruídos pelo tsunami já esperavam receber cerca de US$ 2 bilhões, prometidos por governos de inúmeros países e agências internacionais de auxílio.
Os países-membros da União Européia fizeram três minutos de silêncio nesta quarta-feira em memória às vítimas do maremoto na Ásia.
As bandeiras de muitos prédios do governo permaneceram hasteadas a meio pau, enquanto ônibus pararam e passageiros nos aeroportos, estações e portos permaneceram quietos observando o silêncio.
Nas bolsas de valores de Frankfurt, Londres e de outras cidades européias as negociações foram interrompidas.
Em Estocolmo, na Suécia, os primeiros caixões com cidadãos suecos que morreram na Ásia chegaram nesta quarta-feira. O primeiro-ministro do país, Goeran Persson, disse que a população deve se preparar para a chegada de centenas de outros.
O país teve o maior número de cidadãos atingidos pelo maremoto. Cinqüenta e dois suecos tiveram suas mortes confirmadas, e 1,9 mil ainda estão desaparecidos.
Transporte
A ONU pediu aviões, navios e helicópteros para transportar suprimentos para as áreas atingidas pelo maremoto do Oceano Índico.
Segundo a organização, a aeronave mais adequada para operações humanitárias é o C-17, modelo que só os governos americano e britânico poderiam fornecer.
Os Estados Unidos disseram que estão preparados para dobrar o número de helicópteros que estão sendo usados para ajudar as vítimas. No momento, 45 helicópteros americanos e cerca de 13 mil militares participam das operações de ajuda.
O escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da organização também está pedindo equipamentos de tráfego aéreo, geradores elétricos e purificadores de água para melhorar a distribuição de ajuda às vítimas.
A operação de ajuda aérea é fundamental para suprir as áreas atingidas pelo tsunami com água, comida e remédios, já que muitas estradas e pontes foram levadas pelas ondas.
De acordo com a última contagem, o número de mortos no terremoto seguido de maremoto já é de 150 mil nos 12 países atingidos.
Mais de 1,8 milhão de pessoas precisam de comida, e cerca de 5 milhões estão desabrigadas no que está sendo considerado um dos piores desastres naturais da história.
Powell
O secretário de Estado americano, Colin Powell, chegou nesta quarta-feira à província de Aceh, onde fica Meulaboh.
Ao descrever a situação na região, Powell afirmou que nunca viu tanta destruição.
"Estive em guerras e já vi os estragos causados por diversos fenômenos da natureza, mas nunca vi nada parecido com isso", disse o secretário de Estado americano segundo a agência de notícias AP.
Na quinta, Powell participa de uma conferência para coordenar os esforços de ajuda internacional. Ele viaja acompanhado de uma delegação que inclui o governador da Flórida e irmão do presidente George W. Bush, Jeb Bush.
Brasileiros desaparecidos
O número de brasileiros desaparecidos diminuiu de 154 para 122, segundo o governo brasileiro.
De acordo com a contagem do Itamaraty, no total, 265 brasileiros que estavam na região afetada pelo tsunami já foram encontrados.
A última informação oficial era de que 258 brasileiros haviam sido contactados.
O Ministério pede aos brasileiros com amigos ou parentes desaparecidos nos países atingidos que retirem os seus nomes da lista se já tiverem encontrado essas pessoas.