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06 de julho, 2004 - 16h34 GMT (13h34 Brasília)

Claudia Silva Jacobs

Sem estrelas, Copa América investe no marketing para sobreviver

A competição mais antiga de seleções do mundo começa nesta terça-feira tentando garantir sua sobrevivência e uma melhor projeção no mercado internacional.

A expectativa é que a 41ª edição da Copa América seja transmitida para canais de televisão em 130 países, um recorde. A última edicão da competição foi vista por cerca de 115 países.

Mas nem isso fez com que o torneio fosse considerado de primeira linha para os próprios participantes. O Brasil, por exemplo, chega à competição praticamente com a equipe reserva.

Quem comprou ingresso para ver a seleção pentacampeã não vai poder contar com as jogadas de Ronaldo, Ronaldinho ou Kaká, que foram poupados. É que a seleção tem as eliminatórias da Copa do Mundo pela frente, o que deixa a Copa América em segundo plano.

A seleção atuará no Peru com a presença apenas de um pentacampeão: o meio-campo Kleberson, do Manchester United.

Investimentos

Dentro do quadro de descaso por parte das confederações, já que seleções como a da Colômbia e a do Peru também não jogam com sua força máxima, a empresa de marketing esportivo Traffic, responsável pela comercialização dos direitos da Copa América, tenta recuper a auto-estima e a imagem da competição internacionalmente.

A empresa, segundo Guilherme Pinciroli, gerente de negócios internacionais da Traffic, fez um grande investimento visando à melhoria da qualidade de transmissão dos jogos, oferecendo até mesmo a narração e gráficos em espanhol e inglês.

"No passado, as coisas eram mais complicadas. Os horários dos jogos não eram cumpridos e, muitas vezes, os sinais não tinham qualidade. Agora, o que fizemos é mostrar que o trabalho é mais profissional, garantindo uma maior qualidade final do produto", disse Pinciroli.

Muitos clientes reclamam da qualidade do produto. "Os asiáticos, por exemplo, são muito exigentes. Qualquer problema com o sinal de transmissão, eles já estão ligando", contou o gerente.

Mesmo que o futebol fique aquém das expectativas, diante da falta de estrelas em campo, a Traffic espera mostrar que o torneio pode ter futuro, pelo menos financeiro.

"Investimos pesado em marketing. Enviamos equipe à Europa e à Ásia para mostrar que garantiríamos a qualidade na transmissão dos jogos. Precisamos agora valorizar ainda mais a competição."

E essa "valorização" do torneio pode ser a salvação das próximas edições. A proposta da Traffic, que é também bem aceita pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, é de transformar a Copa América em uma espécie de "eliminatória" da Copa do Mundo.

"O campeão garantiria uma vaga para a Copa do Mundo. Isso faria com que as seleções tivessem maior interesse no torneio", explicou o gerente da Traffic.

Eurocopa

Comparar a Copa América com a badalada Eurocopa é quase impossível. A competição americana, apesar de ser a mais antiga do mundo, está muito aquém da sua "cria" do outro lado do Atlântico.

Para se ter uma idéia, de acordo com a organização do torneio, a Eurocopa foi transmitida pela televisão para 199 países, muitas vezes por mais de um canal.

Na abertura nesta terça-feira, a Venezuela enfrenta a Colômbia a partir das 19h30 (hora de Brasília). Em seguida, o Peru tem como adversário a Bolívia. Os dois jogos vão ser realizados no Estádio Monumental, em Lima.

A estréia do Brasil está marcada para quinta-feira contra o Chile. A competição vai até o dia 25 de julho.

Além de dez equipes da América do Sul, a Copa América ainda vai contar com a presença do México e Costa Rica.