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Desemprego de 40% é maior desafio na África do Sul

O desemprego é o principal problema que o novo governo da África do Sul vai ter que resolver. As estatísticas variam, mas mostram que os desempregados são até 40% da população economicamente ativa.

Mesmo assim, as pesquisas de intenção de voto indicam que 70% dos eleitores deverão mostrar seu apoio mais uma vez ao presidente Thabo Mbeki.

Ele tem estado sob críticas constantes da comunidade internacional. O alto índice de desemprego, a alta criminalidade e a expansão nos casos de Aids, que afeta 5 milhões de pessoas numa população de 45 milhões, aparecem nas pesquisas como os pontos fracos de seu governo.

Apesar disso, ele é adorado pela população negra. A diretora da empresa de pesquisas Markinor, Mari Harris, afirma que os negros, que formam 80% do eleitorado, não levam esses problemas em conta na hora de escolher o presidente.

Liberdade

"Nas nossas pesquisas, mais de 90% dos negros dizem que vão votar no Congresso Nacional Africano porque ele trouxe liberdade. Isso é a força mais importante para eles. Não é tanto o que o presidente diz", disse Mari Harris.

Uma visita a Alexandra, uma favela no centro de Johanesburgo, confirma essa avaliação.

Alexandra era chamada de Cidade de Lata, porque a maioria de suas casas era feita de folhas de alumínio. Hoje, quase todas são feitas de tijolos, mas o esgoto ainda corre a céu aberto e nem todas as casas têm eletricidade.

O lugar é um reduto do CNA. A maior parte de seus moradores está desempregada. Todos com quem a BBC Brasil conversou dizem sem exceção que vão votar no CNA.

"Eu vou votar no Congresso Nacional Africano de novo. Eu vejo muitas mudanças na minha vida. Não há trabalho, mas houve muitas mudanças na África do Sul", disse Ludia Mmotong, que tem 37 anos e três filhos e trabalhava numa firma especializada em liquidações judiciais antes de perder o emprego.

Sua vizinha, Glacia Motheta, de 23 anos, mãe de dois filhos e também desempregada, acredita que o presidente Thabo Mbeki vai conseguir mudar a economia do país.

"Não sei o que ele pode fazer, mas tenho certeza de que pode nos ajudar", afirmou.

Criminalidade

Entre os eleitores da Aliança Democrática, partido de maioria branca que está em segundo lugar nas pesquisas, a alta criminalidade substitui o desemprego como a principal preocupação.

A promessa de contratar 150 mil policiais conseguiu atrair a artista plástica Dhana Nel, de 30 anos.

"Não é só uma promessa, eles vão mesmo cumprir. E vão dar maiores salários aos policiais, para que eles tenham orgulho de seu trabalho."

Dhana afirma que em dez anos a Aliança Democrática vai eleger um novo presidente.

Segundo ela, não é bom para a democracia que a África do Sul seja o que ela classifica de um país de um único partido.

Desde o fim do apartheid, há dez anos, o Congresso Nacional Africano ganhou todas as eleições.

A população da África do Sul é formada por 77% de negros, 10% de brancos e o restante se divide entre mestiços e indianos.