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Ex-refém em teatro de Moscou defende voto em Putin

Durante três dias, em outubro de 2002, 50 rebeldes separatistas chechenos tomaram como reféns 900 pessoas em um teatro em Moscou.

As forças russas conseguiram salvar a maioria dos reféns, mas, durante a operação de resgate, ao menos 140 foram mortos, não por troca de tiros, mas pelo gás usado pelas forças russas para controlar os rebeldes.

Na ocasião, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez um pronunciamento na TV pedindo perdão por não ter sido possível salvar todas as vítimas.

Um dos reféns dos rebeldes chechenos, Modest Silin, um dentista de 34 anos, crê que a operação de resgate foi conduzida de forma exemplar pelo governo russo. “Por isso, votarei em Putin. O presidente e o governo merecem o meu apoio.”

'Responsável'

No entender de Silin, que recebeu a visita de Putin quando esteve hospitalizado, a ação de resgate das forças russas foi “conduzida de forma responsável”.

A opinião dele contrasta com a de outras vítimas que acusaram o governo e a prefeitura de Moscou de negligência na operação e abriram processos contra ambos.

“Morreram 140, mas, se não tivesse havido resgate, teriam morrido todos os 900 reféns”, defende Silin.

Putin se elegeu como presidente há quatro anos usando a chamada ‘‘operação antiterrorista’’ na Chechênia como uma de suas principais plataformas eleitorais.

A Rússia deu início à ação militar na Chechênia após uma série de atentados em Moscou que mataram mais de 300 pessoas.

Ainda que muitos jornalistas tenham levantado dúvidas em relação aos verdadeiros autores dos ataques, o governo russo atribui-os a separatistas chechenos.

Na Rússia, muitos julgam que, para pôr fim ao conflito na Chechênia e evitar futuros atentados, Putin deve buscar uma saída política.

Silin acredita, no entanto, que o governo está indo no caminho certo. “Todos os terroristas precisam ser aniquilados fisicamente através da ação militar.”

Síndrome de Estocolmo

Ele conta que, entre alguns dos seqüestrados, houve a chamada “síndrome de Estocolmo”, com reféns se solidarizando com as motivações políticas dos seqüestradores.

Mas Silin acha que isso se deve ao trabalho de doutrinação feito pelos separatistas chechenos. ‘‘Era uma propaganda permanente, principalmente por parte das mulheres militantes, que diziam: 'A população civil de nosso país está morrendo. O que vocês estão vivendo aqui é um descanso, comparado com nossas vidas'’’.

Ainda que Silin afirme que os rebeldes tiveram atitudes dignas em relação aos reféns, ele comenta que gostaria que chechenos não vivessem mais na Rússia. ‘‘Mas deportar a todos é algo impossível.’’

Na opinião dele, o conflito checheno não é um problema exclusivamente russo, mas faz parte de um quadro mais amplo.

“É como em toda parte do mundo, seja Israel, Irlanda, Estados Unidos ou Espanha. É impossível combater o terror. Os terroristas são seres irracionais.”