Algumas das armas nucleares encontradas na Líbia no ano passado tinham tecnologia chinesa, informou o jornal americano The Washington Post.
A descoberta teria sido feita durante uma investigação internacional sobre uma rede de contrabando de segredos nucleares liderada cientistas do Paquistão.
Os chineses teriam fornecido informações sobre o design das armas ao Paquistão, nos anos 80, que, por sua vez, teriam repassado as informações aos líbios.
O ex-inspetor de armas nucleares da ONU David Albright, citado pelo jornal, disse em entrevista à BBC que documentos em chinês encontrados na Líbia davam instruções sobre como construir, pass a passo, uma pequena arma nuclear acoplável a um míssil.
Segundo Albright, a descoberta reforçou suspeitas de que o Paquistão também tenha passado o design nuclear chinês ao Irã e à Coréia do Norte.
Mísseis
Ainda de acordo com o cientista citado pelo Post, ao contrário da Líbia – que não tinha um míssil apropriado para carregar uma arma nuclear –, o Irã e a Coréia do Norte têm programas de mísseis bastante avançados.
Albright também disse à BBC que especialistas acreditam que informações similares foram oferecidas ao Iraque em 1990. "O Iraque simplesmente não teve chance de concretizar o negócio porque isso aconteceu um pouco antes do início da Guerra do Golfo, em janeiro de 1991", afirmou.
No mês passado, o "pai" da bomba nuclear paquistanesa, Abdul Qadeer Khan, admitiu publicamente ter fornecido tecnologia nuclear a Coréia do Norte, Irã e Líbia.
Sempre se suspeitou que a China transferisse know-how nuclear ao Paquistão, e, segundo o jornal, os documentos encontrados na Líbia representam "provas dramáticas" do papel do país no mercado nuclear negro.
Albright disse ao Post que as ações da China foram "irresponsáveis e mesquinhas e levantam questões sobre o que mais a China forneceu ao programa nuclear do Paquistão".
No ano passado, o governo líbio anunciou a sua decisão de desmantelar o seu programa de armas nucleares e entregar segredos nucleares aos Estados Unidos, após negociações com autoridades britânicas.