|
| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Esperando o General
Generais americanos nem sempre avançam. Dwight Eisenhower foi adiante e conquistou a Casa Branca. Colin Powell vacilou, recuou e desistiu. Hoje é apenas um lugar-tenente diplomático do comandante-em-chefe George Bush. Agora os americanos estão à espera da decisão de Wesley Clark. Exagero. A classe política está esperando. Para a massa, Clark ainda é um ilustríssimo desconhecido. Numa recepção em sua casa de subúrbio em Nova York, o ex-presidente Bill Clinton disse, entre coquetéis, que o Partido Democrata tinha duas estrelas: sua mulher, a senadora Hillary Clinton, e o general Clark. Hillary insiste que não vai concorrer à presidência em 2004. A outra estrela promete anunciar sua decisão na semana que vem. Enquanto isto, outros pré-candidatos cortejam o general aposentado para tê-lo como companheiro de chapa. As indicações são de que Clark, ao contrário do republicano Powell em 1996, vai para frente nas pegadas de Einsenhower. Surpresas sempre são possíveis. Ele pode fazer exatamente o contrário de Arnold Schwarzenegger, que deu a entender que não entraria no circo da eleição para governador para Cailfórnia e na hora H saltou para dentro do picadeiro. Se Wesley Clark é para valer, sua entrada em cena alteraria de forma dramática a dinâmica eleitoral. Existe um clima de insurgência antiBush, mas os caciques democratas temem que na vanguarda esteja alguém como Howard Dean e assim se repita o desastre eleitoral de George McGovern em 1972 contra Richard Nixon. Dean canaliza o desencanto, enquanto Clark é o cavaleiro branco da esperança de um triunfo sobre os republicanos. Tudo parece a favor de Wesley Clark. O currículo é perfeito: 58 anos, sulista (e democratas que venceram nas últimas décadas como Jimmy Carter e Bill Clinton vieram da região), general aposentado de quatro estrelas, primeiro da classe na academia miilitar de West Point, estudante em Oxford, comandante da Otan quando a aliança militar ocidental travou sua primeira guerra (Bálcãs nos anos 90), experiência empresarial, visão progressista das questões sociais, mas no geral centrista, devotado internacionalista, cético sobre os motivos da invasão do Iraque e crítico perspicaz das dificuldades do pós-guerra. Um democrata articulado, elegante e cheio de medalhas, mas bem mais convincente do que o senador John Kerry (herói do Vietnã), coloca a Casa Branca republicana na defensiva. Wesley Clark pode ser incisivo. Criticou Bush por dizer que o Iraque é o cenário central da guerra contra o terror global, advertindo que “não é possível vencer sem uma visão e isto significa trabalhar com aliados. Significa usar a força quando é apropriado e como o último recurso”. Bem e quais são as imperfeições de Wesley Clark? Ele chegaria com atraso ao campo de batalha e não está no radar da opinião pública. Não chega a ser um inconveniente gravíssimo: pesquisa da rede de televisão CBS mostra que dois em três americanos não sabem quem são os pré-candidatos democratas. Não é problema novo ou insolúvel, assim como o atraso para entrar na maratona. Em outubro de 1991, um tal de Bill Clinton, com reconhecimento popular de 2%, anunciou sua candidatura. Um ano depois, foi eleito. Como Clinton, a estrela Wesley Clark é do obscuro Arkansas |
| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||