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Choque e desolação no escritório de Vieira de Mello em Genebra

Na sede do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, em Genebra, o clima nesta terça-feira era de choque e desolação.

“Foi um baque enorme”, contou o cientista social Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência, da Usp, e ex-secretário nacional dos Direitos Humanos, que está em Genebra para a realização de um relatório sobre violência contra a criança.

Pinheiro conhecia Vieira de Mello há 25 anos e conta que o representante da ONU sempre o apoiou em suas ações em favor dos direitos humanos no Brasil e também quando trabalhou em Mianmar.

“Estamos muito chocados. Mas falei agora há pouco com o secretário Nilmário Miranda e fiquei muito contente em saber que foi decretado luto oficial no Brasil”, contou.

'Supercarioca'

Pinheiro conta que, embora trabalhando fora do país há 30 anos, Vieira de Mello nunca perdeu o jeito brasileiro. “Ele era supercarioca, superelegante, com um ar extremamente jovem”, contou.

Vieira de Mello ficaria no Iraque por apenas quatro meses, e deveria estar de volta ao Alto Comissariado no início de setembro.

Ele havia assumido o cargo há pouco tempo, e quando foi ao Iraque, a pedido do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, não deixou o cargo, apenas se licenciou.

“Ele já tinha reunião marcada na primeira semana de setembro”, disse Pinheiro.

“É um baque extraordinário. Não só pela perda, mas pela enorme frustração, porque ele já estava quase voltando aqui para Genebra”, disse.

Pinheiro não teme, no entanto, que o trabalho do Alto Comissariado seja prejudicado pela morte de Vieira de Mello.

“De maneira alguma. Será nomeado um outro alto comissariado e o trabalho continua.”