BBCBrasil.com
70 anos 1938-2008
Español
Português para a África
Árabe
Chinês
Russo
Inglês
Outras línguas
 
Atualizado às: 18 de março, 2004 - 23h35 GMT (20h35 Brasília)
 
Envie por e-mail Versão para impressão
Palocci tenta acalmar investidores em Londres
 

 
 
antonio palocci
Palocci teve reuniões com representantes do mercado londrino
Em sua primeira reunião com representantes do centro financeiro de Londres, nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, buscou tranqüilizar os investidores nas áreas que eles consideram mais sensíveis: a possibilidade de que os escândalos políticos afetem a condução da economia, as pressões dos aliados do governo por mudanças na política econômica e o impacto da decisão de adotar estratégia conjunta com a Argentina por mudanças no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo investidores, esses foram temas levantados por investidores e analistas no encontro.

Na avaliação de um deles, o ministro tratou de tirar a dramaticidade de recentes denúncias, como aquelas que envolvem o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e também Rogério Buratti, ex-secretário da prefeitura de Ribeirão Preto e demitido por Palocci quando ainda era prefeito da cidade.

Palocci disse que a oposição tem o papel de fiscalizar, que existem escândalos em diversas partes do mundo e que cabe ao governo e às instituições de um país apurar as denúncias, segundo outro analista presente à reunião da qual participaram cerca de 120 representantes do mercado financeiro londrino.

O ministro assegurou aos investidores que o governo vê o equilíbrio fiscal como base para o crescimento sustentado e que são boas as pressões por mais crescimento, mais emprego e avanços na área econômica.

"Eu vejo como pressões positivas e acho que elas fazem bem para o governo, porque governo sem pressão dorme e não realiza o que tem que realizar."

"Então, não há problema nenhum nesse aspecto. Agora o governo recusa mágicas na política econômica. Recusa. A equipe econômica não vai trabalhar com instrumentos mágicos para acelerar crescimento, porque, na história do Brasil, sempre que se tentou essa mágica se colheu alta inflação e não altas taxas de crescimento", acrescentou.

'Pilares'

O ministro disse também que são poucas as propostas de mudanças que atingem "de fato os pilares da política econômica".

"Ou seja, propostas de que se abandone o regime de metas de inflação. Isso existe no Brasil, mas nenhum dos partidos da base defende isso", assegurou.

"Propostas para que o país não faça superávit primário. Existem pessoas que pensam assim, mas não são propostas da base do governo".

"Propostas que o câmbio seja controlado, e não livre, e que haja controle dos fluxos de capitais, não são temas apresentados pelos partidos da base."

"São parte daquelas opções que o governo não escolheu e não vai escolher, porque não pretende construir pilares que dependam do controle do câmbio, que dependam do abandono de metas inflacionárias, que dependam de sistemas com os quais o Brasil já teve experiência que resultaram em ganhos de curto prazo e perdas significativas no médio e longo prazo."

O ministro argumentou que, quando se tentou fixar o câmbio, "e isso foi feito recentemente no Brasil, se colheu um aumento de dívida pública de maneira bastante danosa para o futuro do país".

O custo dessas experiências é altíssimo, e o país paga por elas hoje, segundo o ministro.

"Então, esses tipos de procedimento, que forçam o processo econômico com ganhos de curto prazo e certeza de perdas no médio e longo prazo, o governo do presidente Lula recusa. Recusou desde o primeiro dia, recusará nesse momento e no futuro", afirmou.

Otimismo

Tanto com investidores quanto na entrevista coletiva com a imprensa britânica, o ministro se manifestou de forma muito otimista.

Na entrevista da manhã, disse que ainda era cedo para dizer se a queda de juros de quarta-feira já indica a retomada do ciclo de queda sustentada dos juros.

À tarde, previu uma trajetória descendente no decorrer do ano.

"Estou muito otimista tanto em relação ao controle da inflação no Brasil hoje quanto ao crescimento", disse.

"Este ano é um ano em que a política monetária vai buscar um caminho descendente, mas, como nos regimes do corpo humano, vai obedecer à queima de gorduras progressivas e adequadas no tempo", acrescentou.

Mas ele previu que a queda de juros neste ano não será como a do ano passado.

Ele comparou o processo com uma dieta, em que é possível perder 10% do peso em dois meses, mas os próximos 10% de peso serão perdidos em cinco meses e os 10% seguintes, só em um ano.

Segundo Palocci, "o Brasil tem condições de viver sem inflação e de ter o crescimento projetado em torno de 3,5% neste ano", mas "é claro que vamos trabalhar para que ele seja ainda maior".

Argentina

Durante a reunião com investidores, um deles perguntou qual seriam as implicações da aliança com a Argentina e ele disse que a idéia é uma reforma de certos conceitos do FMI, como a questão do cálculo do superávit primário e dos investimentos.

"Não tenho nenhum receio de que a nossa relação com a Argentina possa produzir nos investidores qualquer reação negativa", disse ele na entrevista coletiva, respondendo a pergunta semelhante.

Ele ressaltou que o país tem relações com vários países e adiantou que no caso da Argentina, isso não significa que o Brasil "estaria dando indicações diferentes daquelas que são as suas políticas praticadas".

Palocci citou a importância do Mercosul para as relações comerciais internacionais do Brasil.

"E isso pressupõe um relacionamento elevado do Brasil com a Argentina. Isso não significa mudanças de procedimentos, acredito, não do Brasil e não também da Argentina. Cada um tem seus procedimentos dentro dos seus desafios", afirmou.

Ele também negou que tenha feito críticas à Argentina.

O ministro Palocci disse ter acertado com o ministro das Finanças britânico, Gordon Brown, uma troca de experiências formal entre Brasil e Grã-Bretanha na área de Parceria entre setor Público e Privado (PPP), já que os britânicos têm uma experiência positiva na área.

Segundo ele, a medida abriria a possibilidade de investimento privado britânico no Brasil.

 
 
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
 
 
Envie por e-mail Versão para impressão
 
Tempo | Sobre a BBC | Expediente | Newsletter
 
BBC Copyright Logo ^^ Início da página
 
  Primeira Página | Ciência & Saúde | Cultura & Entretenimento | Vídeo & Áudio | Fotos | Especial | Interatividade | Aprenda inglês
 
  BBC News >> | BBC Sport >> | BBC Weather >> | BBC World Service >> | BBC Languages >>
 
  Ajuda | Fale com a gente | Notícias em 32 línguas | Privacidade