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Palocci tenta acalmar investidores em Londres | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Em sua primeira reunião com representantes do centro financeiro de Londres, nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, buscou tranqüilizar os investidores nas áreas que eles consideram mais sensíveis: a possibilidade de que os escândalos políticos afetem a condução da economia, as pressões dos aliados do governo por mudanças na política econômica e o impacto da decisão de adotar estratégia conjunta com a Argentina por mudanças no Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo investidores, esses foram temas levantados por investidores e analistas no encontro. Na avaliação de um deles, o ministro tratou de tirar a dramaticidade de recentes denúncias, como aquelas que envolvem o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e também Rogério Buratti, ex-secretário da prefeitura de Ribeirão Preto e demitido por Palocci quando ainda era prefeito da cidade. Palocci disse que a oposição tem o papel de fiscalizar, que existem escândalos em diversas partes do mundo e que cabe ao governo e às instituições de um país apurar as denúncias, segundo outro analista presente à reunião da qual participaram cerca de 120 representantes do mercado financeiro londrino. O ministro assegurou aos investidores que o governo vê o equilíbrio fiscal como base para o crescimento sustentado e que são boas as pressões por mais crescimento, mais emprego e avanços na área econômica. "Eu vejo como pressões positivas e acho que elas fazem bem para o governo, porque governo sem pressão dorme e não realiza o que tem que realizar." "Então, não há problema nenhum nesse aspecto. Agora o governo recusa mágicas na política econômica. Recusa. A equipe econômica não vai trabalhar com instrumentos mágicos para acelerar crescimento, porque, na história do Brasil, sempre que se tentou essa mágica se colheu alta inflação e não altas taxas de crescimento", acrescentou. 'Pilares' O ministro disse também que são poucas as propostas de mudanças que atingem "de fato os pilares da política econômica". "Ou seja, propostas de que se abandone o regime de metas de inflação. Isso existe no Brasil, mas nenhum dos partidos da base defende isso", assegurou. "Propostas para que o país não faça superávit primário. Existem pessoas que pensam assim, mas não são propostas da base do governo". "Propostas que o câmbio seja controlado, e não livre, e que haja controle dos fluxos de capitais, não são temas apresentados pelos partidos da base." "São parte daquelas opções que o governo não escolheu e não vai escolher, porque não pretende construir pilares que dependam do controle do câmbio, que dependam do abandono de metas inflacionárias, que dependam de sistemas com os quais o Brasil já teve experiência que resultaram em ganhos de curto prazo e perdas significativas no médio e longo prazo." O ministro argumentou que, quando se tentou fixar o câmbio, "e isso foi feito recentemente no Brasil, se colheu um aumento de dívida pública de maneira bastante danosa para o futuro do país". O custo dessas experiências é altíssimo, e o país paga por elas hoje, segundo o ministro. "Então, esses tipos de procedimento, que forçam o processo econômico com ganhos de curto prazo e certeza de perdas no médio e longo prazo, o governo do presidente Lula recusa. Recusou desde o primeiro dia, recusará nesse momento e no futuro", afirmou. Otimismo Tanto com investidores quanto na entrevista coletiva com a imprensa britânica, o ministro se manifestou de forma muito otimista. Na entrevista da manhã, disse que ainda era cedo para dizer se a queda de juros de quarta-feira já indica a retomada do ciclo de queda sustentada dos juros. À tarde, previu uma trajetória descendente no decorrer do ano. "Estou muito otimista tanto em relação ao controle da inflação no Brasil hoje quanto ao crescimento", disse. "Este ano é um ano em que a política monetária vai buscar um caminho descendente, mas, como nos regimes do corpo humano, vai obedecer à queima de gorduras progressivas e adequadas no tempo", acrescentou. Mas ele previu que a queda de juros neste ano não será como a do ano passado. Ele comparou o processo com uma dieta, em que é possível perder 10% do peso em dois meses, mas os próximos 10% de peso serão perdidos em cinco meses e os 10% seguintes, só em um ano. Segundo Palocci, "o Brasil tem condições de viver sem inflação e de ter o crescimento projetado em torno de 3,5% neste ano", mas "é claro que vamos trabalhar para que ele seja ainda maior". Argentina Durante a reunião com investidores, um deles perguntou qual seriam as implicações da aliança com a Argentina e ele disse que a idéia é uma reforma de certos conceitos do FMI, como a questão do cálculo do superávit primário e dos investimentos. "Não tenho nenhum receio de que a nossa relação com a Argentina possa produzir nos investidores qualquer reação negativa", disse ele na entrevista coletiva, respondendo a pergunta semelhante. Ele ressaltou que o país tem relações com vários países e adiantou que no caso da Argentina, isso não significa que o Brasil "estaria dando indicações diferentes daquelas que são as suas políticas praticadas". Palocci citou a importância do Mercosul para as relações comerciais internacionais do Brasil. "E isso pressupõe um relacionamento elevado do Brasil com a Argentina. Isso não significa mudanças de procedimentos, acredito, não do Brasil e não também da Argentina. Cada um tem seus procedimentos dentro dos seus desafios", afirmou. Ele também negou que tenha feito críticas à Argentina. O ministro Palocci disse ter acertado com o ministro das Finanças britânico, Gordon Brown, uma troca de experiências formal entre Brasil e Grã-Bretanha na área de Parceria entre setor Público e Privado (PPP), já que os britânicos têm uma experiência positiva na área. Segundo ele, a medida abriria a possibilidade de investimento privado britânico no Brasil. |
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