12 de setembro, 2004 - 09h37 GMT (06h37 Brasília)
O polêmico Vera Drake, filme inglês que trata do aborto, foi o maior premiado no 61º Festival de Cinema de Veneza.
O diretor inglês Mike Leigh recebeu o prestigiado Leão de Ouro, principal prêmio do festival de cinema mais antigo do mundo, e a protagonista do filme, Imelda Staunton, levou o Coppa Volpi, troféu dado à melhor atriz.
"Eu quero agradecer ao júri por acolher e honrar esse filme do qual tenho tanto orgulho de participar, por tratar de um assunto complexo com tanta sensibilidade", afirmou Staunton, que interpreta uma faxineira que executa abortos clandestinamente.
Leigh aproveitou para dar o troco aos organizadores do Festival de Cannes, agradecendo-lhes "por rejeitar esse filme para que pudéssemos estar aqui hoje à noite".
Produção barata
De orçamento baixo, o filme de Leigh bateu 20 concorrentes ao Leão de Ouro.
"Fazer filmes é sempre duro e Vera Drake não foi uma exceção", afirmou o diretor, que também agradeceu ao júri pela "excelente decisão" de reconhecer e estimular filmes europeus "baratos, sérios, compromissados e independentes".
Entre os jurados, estavam o diretor Spike Lee e John Boorman e as atrizes Helen Mirren e Scarlett Johansson.
O prêmio de melhor ator ficou com o espanhol Javier Bardem, pela sua atuação em Mar Adentro, de Alejandro Amenabar. Bardem interpreta um paralítico que quer se matar.
O festival que foi encerrado neste sábado com a glamourosa cerimônia de premiação na casa de óperas Fenice começou sob fortes críticas de que havia se rendido ao estilo comercial de Hollywood.
O novo diretor do festival, Marco Muller, levou para Veneza neste ano rostos familiares do Oscar como Tom Hanks, Nicole Kidman, Tom Cruise, Robert de Niro e Angelina Jolie.
Embora a estratégia de Muller, de tornar o evento mais glamouroso, pareça ter dado certo, houve problemas na organização como atrasos nas estréias e falta de cadeiras para os convidados – Al Pacino não tinha onde sentar na estréia do seu próprio filme, O Mercador de Veneza.